Em coluna opinativa para o jornal O Estado de S. Paulo, o
jornalista e diretor do Brazil Institute do Woodrow Wilson International Center
For Scholars, em Washington, Estados Unidos (EUA), Paulo Sotero afirmou que há
dois meses da visita da presidenta da República Dilma Rousseff a Washington,
que ocorrerá em outubro de 2013, Brasil e EUA, tem enfrentado problemas que
minam a confiança mútua no momento em que ela se faz extremamente necessária
para um avanço na relação entre eles. Sotero menciona dois episódios como
prejudiciais nas relações entre os Estados: o primeiro foi a cobrança pública
de explicações feitas pelo o então ministro das Relações Exteriores, Antonio
Patriota, ao secretário de Estado estadunidense John Kerry a respeito do
monitoramento de brasileiros pela National Security Agency (NSA). E o segundo
foi a detenção do brasileiro David Miranda, companheiro do jornalista
estadunidense que tem divulgado informações da espionagem dos EUA, Glenn
Greenwald, com fundamento na lei antiterrorismo, na cidade de Londres, Reino
Unido. Segundo Sotero, o aprofundamento das relações entre os dois países
demanda confiança para que ambos possam trocar informações sigilosas entre suas
agências, como nos casos do Acordo de Assistência Legal Mútua e o Acordo de
Intercâmbio de Informações Tributárias. Em destaque na agenda de negociações
Brasil-EUA estão o programa que facilitaria a entrada de viajantes brasileiros
nos EUA e o acordo sobre o uso da Base brasileira de Alcântara pelos estadunidenses.
Sotero ainda ressaltou outros temas que despertam interesses estratégicos por
parte de Brasil e EUA, entre eles a escolha do caça para o programa FX-2 de
reaparelhamento da Força Aérea Brasileira, que conta com o modelo F18 Hornet da
Boeing na concorrência; a ampliação do mercado de aviões militares da Empresa
Brasileira de Aeronáutica (Embraer) nos EUA; e a aspiração brasileira a um
assento permanente no Conselho de Segurança da Organização das Nações
Unidas. O embaixador estadunidense em Brasília,
Thomas Shannon, que assumirá um alto cargo no Departamento de Estado dos EUA
após a vista da presidenta Roussseff acredita que os interesses permanentes dos
dois países são mais convergentes do que divergentes, a começar pela
estabilidade nas Américas. (O Estado de S. Paulo – Espaço Aberto – 27/08/13)
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