quinta-feira, 19 de setembro de 2013

Cortes no orçamento prejudicam projetos estratégicos das Forças Armadas

De acordo com o periódico O Estado de S. Paulo, os sete projetos estratégicos do Exército brasileiro demandarão nos próximos 16 anos investimentos de R$ 58,2 bilhões, porém o governo liberou apenas 50% do previsto para 2013 e reteve todas as dotações incluídas em emendas parlamentares. Os cortes aconteceram em dois momentos: o primeiro em maio, com a redução de R$ 3,67 bilhões da verba destinada ao Ministério da Defesa; e o segundo em julho, de R$ 919,4 milhões. O ministro da Defesa, Celso Amorim, alertou a presidenta da República, Dilma Rousseff, de uma possível paralisação dos principais programas das três Forças. Uma das soluções foi a inclusão de alguns projetos no Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), tal como o desenvolvimento do avião cargueiro KC-390 e de todas as fases de produção de quatro submarinos avançados de propulsão diesel-elétrica e um nuclear. De acordo com o jornal, uma fonte do Exército negou a informação do Ministério do Planejamento e Gestão de que o blindado Guarani e o sistema Astros 2020 estavam fora do contingenciamento, uma vez que não foram incluídos no PAC. O maior projeto do Exército, o Sistema de Monitoramento de Fronteiras (Sisfron), pretende criar uma muralha eletrônica nas fronteiras brasileiras com estações digitais, radares terrestres e unidades de recursos avançados. O projeto piloto estará pronto em 2015 e cobrirá 650 quilômetros, no estado do Mato Grosso do Sul, dos 17 mil pretendidos. O presidente da divisão de Defesa e Segurança da Empresa Brasileira de Aeronáutica (Embraer), contratada para executar o plano, Luiz Aguiar, informou que esta etapa custará R$ 839 milhões, representando “apenas 6,99% do total do plano”. Segundo o presidente da empresa Savis, Marcus Tollendal, o Sisfron deverá se expandir e atingir a Amazônia e o cone Sul em dez anos, porém na audiência da Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional do Senado, no dia 22/08/13, o general Antonino Guerra Neto, do Centro de Guerra Eletrônica, alertou que, com os recursos previstos para 2014, o projeto só ficará pronto em 2074. O Estado avaliou que ocorreu um avanço no programa de sistemas de defesa antiaérea, por exigência da equipe mundial da organização da Copa do Mundo de 2014 e das Olimpíadas de 2016. Amorim autorizou o início das negociações para a compra de três baterias Pantsir S1e duas Igla-S.9K38, que podem chegar a um gasto de 800 milhões de euros. A negociação é conduzida pelo chefe do Estado-Maior Conjunto das Forças Armadas, general José Carlos De Nardi, e combinará mísseis terra-ar com alcance de 20 e 15 quilômetros de altitude e dois canhões duplos de 30mm. Segundo O Estado, os projetos estratégicos ainda precisam ser aperfeiçoados com treinamento dos oficiais para lidarem com problemas mais complexos e o Exército terá que desenvolver novos contratos com arquiteturas financeiras e de gestão mais elaborados para compensar a falta de tecnologia inicial. Na avaliação do professor e administrador Afonso Farias Jr., em coluna opinativa para o Correio Braziliense, é dever do Estado brasileiro manter as forças de vigilância, proteção e inteligência nacionais operantes para que policiem as fronteiras e resguardem as riquezas naturais do país. O professor reforçou a importância de manter, revitalizar e adquirir instalações e equipamentos continuadamente e criticou os recentes ajustes orçamentários na defesa nacional. Segundo ele, o monitoramento do espaço aéreo do país será uma das principais áreas afetadas pela redução no orçamento, pois perderá os caças Mirage F-2000, que terão sua vida útil encerrada em dezembro de 2013. Farias Jr. apontou o uso de caças F-5 na Base Aérea de Anápolis como medida paliativa e ressaltou que diminuir a eficácia da vigilância aérea pode aumentar o comércio ilícito nas fronteiras. (Correio Braziliense – 09/09/13; O Estado de S. Paulo – Política – 08/09/13)


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