De acordo com o periódico O Estado
de S. Paulo, os sete projetos estratégicos do Exército brasileiro
demandarão nos próximos 16 anos investimentos de R$ 58,2 bilhões, porém o
governo liberou apenas 50% do previsto para 2013 e reteve todas as dotações
incluídas em emendas parlamentares. Os cortes aconteceram em dois momentos: o
primeiro em maio, com a redução de R$ 3,67 bilhões da verba destinada ao
Ministério da Defesa; e o segundo em julho, de R$ 919,4 milhões. O ministro da
Defesa, Celso Amorim, alertou a presidenta da República, Dilma Rousseff, de uma
possível paralisação dos principais programas das três Forças. Uma das soluções
foi a inclusão de alguns projetos no Programa de Aceleração do Crescimento (PAC),
tal como o desenvolvimento do avião cargueiro KC-390 e de todas as fases de
produção de quatro submarinos avançados de propulsão diesel-elétrica e um
nuclear. De acordo com o jornal, uma fonte do Exército negou a informação do
Ministério do Planejamento e Gestão de que o blindado Guarani e o sistema Astros
2020 estavam fora do contingenciamento, uma vez que não foram incluídos no PAC.
O maior projeto do Exército, o Sistema de Monitoramento de Fronteiras (Sisfron),
pretende criar uma muralha eletrônica nas fronteiras brasileiras com estações
digitais, radares terrestres e unidades de recursos avançados. O projeto piloto
estará pronto em 2015 e cobrirá 650 quilômetros, no estado do Mato Grosso do
Sul, dos 17 mil pretendidos. O presidente da divisão de Defesa e Segurança da
Empresa Brasileira de Aeronáutica (Embraer), contratada para executar o plano, Luiz
Aguiar, informou que esta etapa custará R$ 839 milhões, representando “apenas
6,99% do total do plano”. Segundo o presidente da empresa Savis, Marcus
Tollendal, o Sisfron deverá se expandir e atingir a Amazônia e o cone Sul em
dez anos, porém na audiência da Comissão de Relações Exteriores e Defesa
Nacional do Senado, no dia 22/08/13, o general Antonino Guerra Neto, do Centro
de Guerra Eletrônica, alertou que, com os recursos previstos para 2014, o
projeto só ficará pronto em 2074. O
Estado avaliou que ocorreu um avanço no programa de sistemas de defesa
antiaérea, por exigência da equipe mundial da organização da Copa do Mundo de
2014 e das Olimpíadas de 2016. Amorim autorizou o início das negociações para a
compra de três baterias Pantsir S1e duas Igla-S.9K38, que podem chegar a um
gasto de 800 milhões de euros. A negociação é conduzida pelo chefe do
Estado-Maior Conjunto das Forças Armadas, general José Carlos De Nardi, e
combinará mísseis terra-ar com alcance de 20 e 15 quilômetros de altitude e
dois canhões duplos de 30mm. Segundo O
Estado, os projetos estratégicos ainda precisam ser aperfeiçoados com treinamento
dos oficiais para lidarem com problemas mais complexos e o Exército terá que
desenvolver novos contratos com arquiteturas financeiras e de gestão mais
elaborados para compensar a falta de tecnologia inicial. Na avaliação do
professor e administrador Afonso Farias Jr., em coluna opinativa para o Correio Braziliense, é dever do Estado
brasileiro manter as forças de vigilância, proteção e inteligência nacionais
operantes para que policiem as fronteiras e resguardem as riquezas naturais do
país. O professor reforçou a importância de manter, revitalizar e adquirir
instalações e equipamentos continuadamente e criticou os recentes ajustes orçamentários
na defesa nacional. Segundo ele, o monitoramento do espaço aéreo do país será uma
das principais áreas afetadas pela redução no orçamento, pois perderá os caças
Mirage F-2000, que terão sua vida útil encerrada em dezembro de 2013. Farias
Jr. apontou o uso de caças F-5 na Base Aérea de Anápolis como medida paliativa
e ressaltou que diminuir a eficácia da vigilância aérea pode aumentar o
comércio ilícito nas fronteiras. (Correio Braziliense – 09/09/13; O Estado de
S. Paulo – Política – 08/09/13)
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