quinta-feira, 19 de setembro de 2013

Arquivos chilenos revelam ações de busca de brasileiros opositores do regime militar no Chile

De acordo com o jornal O Estado de S. Paulo, o Ministério das Relações Exteriores (MRE) do Brasil teria, após o golpe militar de 1973 no Chile, colaborado com a “caça a brasileiros exilados em território chileno”, que seriam opositores ao regime militar brasileiro (1964-1985). O jornal ainda informou que diplomatas fizeram lobby no Congresso Nacional brasileiro, visando conter as primeiras denúncias de que brasileiros estavam desaparecendo e sofrendo torturas no Chile. Em razão das denúncias, o então deputado federal Chico Pinto teve seu mandato cassado por “difamar” em um discurso na Câmara dos Deputados o então presidente chileno, Augusto Pinochet. Segundo O Estado, essas revelações estão entre centenas de documentos secretos liberados recentemente pela diplomacia chilena. O jornal informou que, quatro meses após o golpe de 1973, a Divisão de Segurança e Informação do MRE forneceu dados sobre 40 presos políticos que foram trocados pelo então sequestrado embaixador da Alemanha Ocidental, Ehrenfried Von Holleben em junho de 1970. O objetivo do fornecimento dos dados era a identificação e prisão desses brasileiros. O embaixador do Chile no Brasil na época, Hernán Cubillos, expressou que o governo brasileiro era insistente nas ações de caça aos opositores, permitindo, em troca, que o governo chileno passasse uma lista de pessoas que interessassem ser capturadas no Brasil. Segundo O Estado, o governo de Pinochet solicitou ao governo brasileiro informações de Sônia Eliana Lafoz, que militava nos grupos Vanguarda Armada Revolucionária - Palmares (VAR-Palmares) e Movimento Revolucionário 8 de Outubro (MR-8), além de estar envolvida em ações como o roubo do cofre do ex-governador do estado de São Paulo, Adhemar de Barros, e o sequestro do embaixador alemão. Ao mesmo tempo, a diplomacia brasileira solicitou ao governo do Chile o fornecimento de uma relação dos exilados brasileiros que haviam sido presos ou fugido para países latino-americanos. Esse documento fora trazido ao Brasil no avião do presidente do Chile, Pinochet, quando este assistiu a cerimônia de posse do presidente da República, o general do Exército Ernesto Beckmann Geisel, em março de 1974. (O Estado de S. Paulo – Internacional – 07/09/13)

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