De acordo com o
jornal O Estado de S. Paulo, o
Ministério das Relações Exteriores (MRE) do Brasil teria, após o golpe militar
de 1973 no Chile, colaborado com a “caça a brasileiros exilados em território
chileno”, que seriam opositores ao regime militar brasileiro (1964-1985). O
jornal ainda informou que diplomatas fizeram lobby no Congresso Nacional
brasileiro, visando conter as primeiras denúncias de que brasileiros estavam
desaparecendo e sofrendo torturas no Chile. Em razão das denúncias, o então
deputado federal Chico Pinto teve seu mandato cassado por “difamar” em um
discurso na Câmara dos Deputados o então presidente chileno, Augusto Pinochet.
Segundo O Estado, essas revelações
estão entre centenas de documentos secretos liberados recentemente pela
diplomacia chilena. O jornal informou que, quatro meses após o golpe de 1973, a
Divisão de Segurança e Informação do MRE forneceu dados sobre 40 presos
políticos que foram trocados pelo então sequestrado embaixador da Alemanha
Ocidental, Ehrenfried Von Holleben em junho de 1970. O objetivo do fornecimento
dos dados era a identificação e prisão desses brasileiros. O embaixador do
Chile no Brasil na época, Hernán Cubillos, expressou que o governo brasileiro
era insistente nas ações de caça aos opositores, permitindo, em troca, que o
governo chileno passasse uma lista de pessoas que interessassem ser capturadas
no Brasil. Segundo O Estado, o
governo de Pinochet solicitou ao governo brasileiro informações de Sônia Eliana
Lafoz, que militava nos grupos Vanguarda Armada Revolucionária - Palmares
(VAR-Palmares) e Movimento Revolucionário 8 de Outubro (MR-8), além de estar
envolvida em ações como o roubo do cofre do ex-governador do estado de São
Paulo, Adhemar de Barros, e o sequestro do embaixador alemão. Ao mesmo tempo, a
diplomacia brasileira solicitou ao governo do Chile o fornecimento de uma
relação dos exilados brasileiros que haviam sido presos ou fugido para países
latino-americanos. Esse documento fora trazido ao Brasil no avião do presidente
do Chile, Pinochet, quando este assistiu a cerimônia de posse do presidente da
República, o general do Exército Ernesto Beckmann Geisel, em março de 1974. (O
Estado de S. Paulo – Internacional – 07/09/13)
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