quinta-feira, 12 de setembro de 2013

Ossadas suspeitas de serem de guerrilheiros do Araguaia desaparecem em Brasília

De acordo com o periódico Folha de S. Paulo, cinco ossadas e um crânio que foram encontrados no cemitério de Xambioá, no estado do Tocantins, em outubro de 2001, suspeitos de serem de guerrilheiros mortos durante a Guerrilha do Araguaia (1972-1974), desapareceram em Brasília e foram substituídos pela ossada de quatro crianças. O jornal informou que em nenhuma busca em Xambioá foram encontrados restos mortais de crianças. As investigações no local, realizadas 12 anos atrás, foram organizadas pelo então representante da Comissão de Direitos Humanos da Câmara dos Deputados, Luiz Eduardo Greenhalgh. O ex-deputado federal, sua assistente e familiares de desaparecidos que acompanharam a exumação confirmaram que não havia nenhuma ossada de criança. Segundo Greenhalgh, depois do término da exumação, as ossadas foram encaminhadas ao Instituto Médico Legal (IML) de Brasília. De acordo com a Folha, a integrante da Comissão Especial sobre Mortos e Desaparecidos Políticos, Diva Santana, foi a primeira a notar o sumiço das ossadas e a falta de evidências sobre onde e quando o material se perdeu. As três instituições que tinham acesso aos ossos, a Universidade de Brasília (UNB), a referida Comissão e o IML, não têm informações quanto ao desaparecimento. Segundo o jornal, as autoridades culpam a falta de estrutura e o descaso pelo desaparecimento. A Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República informou que não possui evidências que comprovem o sumiço das ossadas, que estavam sendo guardadas de acordo com padrões internacionais, e que solicitou o retorno das ossadas das crianças aos seus respectivos cemitérios. Os esqueletos desaparecidos possuíam sinais claros de violência, tal como um esqueleto sem as mãos, um com os braços para trás e outros com indícios de que estavam amarrados, comprovando a condição de prisioneiro. A juíza da Justiça Federal de Brasília, Solange Salgado, ouvirá todos os envolvidos no caso. De acordo com a Folha, o presidente da Comissão Nacional de Direitos Humanos da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) e presidente da Comissão Estadual da Verdade do Rio de Janeiro, Wadih Damous, afirmou que o "episódio demonstra que existem segmentos do Estado brasileiro que não querem revelada a verdade dos fatos da guerrilha do Araguaia e de todos os outros ocorridos na ditadura militar". (Folha de S. Paulo – Poder – 01/09/13; Folha de S. Paulo – Poder – 02/09/13)

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