De
acordo com o periódico Folha de S. Paulo, cinco ossadas e um crânio que foram
encontrados no cemitério de Xambioá, no estado do Tocantins, em outubro de
2001, suspeitos de serem de guerrilheiros mortos durante a Guerrilha do
Araguaia (1972-1974), desapareceram em Brasília e foram substituídos pela
ossada de quatro crianças. O jornal informou que em nenhuma busca em Xambioá
foram encontrados restos mortais de crianças. As investigações no local,
realizadas 12 anos atrás, foram organizadas pelo então representante da
Comissão de Direitos Humanos da Câmara dos Deputados, Luiz Eduardo Greenhalgh.
O ex-deputado federal, sua assistente e familiares de desaparecidos que
acompanharam a exumação confirmaram que não havia nenhuma ossada de criança.
Segundo Greenhalgh, depois do término da exumação, as ossadas foram
encaminhadas ao Instituto Médico Legal (IML) de Brasília. De acordo com a
Folha, a integrante da Comissão Especial sobre Mortos e Desaparecidos
Políticos, Diva Santana, foi a primeira a notar o sumiço das ossadas e a falta
de evidências sobre onde e quando o material se perdeu. As três instituições
que tinham acesso aos ossos, a Universidade de Brasília (UNB), a referida
Comissão e o IML, não têm informações quanto ao desaparecimento. Segundo o
jornal, as autoridades culpam a falta de estrutura e o descaso pelo
desaparecimento. A Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República
informou que não possui evidências que comprovem o sumiço das ossadas, que
estavam sendo guardadas de acordo com padrões internacionais, e que solicitou o
retorno das ossadas das crianças aos seus respectivos cemitérios. Os esqueletos
desaparecidos possuíam sinais claros de violência, tal como um esqueleto sem as
mãos, um com os braços para trás e outros com indícios de que estavam
amarrados, comprovando a condição de prisioneiro. A juíza da Justiça Federal de
Brasília, Solange Salgado, ouvirá todos os envolvidos no caso. De acordo com a
Folha, o presidente da Comissão Nacional de Direitos Humanos da Ordem dos
Advogados do Brasil (OAB) e presidente da Comissão Estadual da Verdade do Rio
de Janeiro, Wadih Damous, afirmou que o "episódio demonstra que existem
segmentos do Estado brasileiro que não querem revelada a verdade dos fatos da
guerrilha do Araguaia e de todos os outros ocorridos na ditadura militar".
(Folha de S. Paulo – Poder – 01/09/13; Folha de S. Paulo – Poder – 02/09/13)
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