De
acordo com o jornal O Estado de S. Paulo,
o governo federal irá propor a ocupação da favela de Paraisópolis, localizada
na zona sul da cidade de São Paulo, utilizando o modelo de ação que foi
empregado na tomada do Complexo do Alemão, no Rio de Janeiro. A secretária
Nacional de Segurança Pública, Regina Miki, defendeu a proposta com a
justificativa de que a ação poderá conter a violência no local e “garantir um
trabalho integrado de inteligência no combate ao tráfico e às organizações
criminosas”. Miki destacou também a falta de policiais, dizendo que a ocupação
com tais oficiais obrigaria o reposicionamento dos mesmos na cidade, impedindo
que eles estejam presentes em outros locais do município. O jornal enfatizou
que a secretária pretende negociar com o governo um plano integrado de
segurança pública, utilizando, além das Forças Armadas, unidades policiais. O secretário de Segurança Pública de São Paulo,
Antônio Ferreira Pinto, no entanto, considerou a ação do governo federal
“oportunismo barato, provocativa, risível e sem sentido”. O secretário afirmou
que a proposição de aplicar uma ocupação como foi realizada no Complexo do
Alemão seria prejudicial e não seria considerada válida por aqueles que
conhecem a fundo a cidade de São Paulo e a situação da favela. Ele ainda
afirmou que o governo federal teria a intenção de “superdimensionar a crise em
São Paulo”, a fim de “desconstruir a segurança pública no estado”. Em editorial
publicado no dia 02/11/12, o mesmo
jornal ressaltou que a proposta feita por Miki só poderia ser ideia de quem não
conhece São Paulo, pois o modelo adotado no estado do Rio de Janeiro “é o de
recuperação de território perdido para o narcotráfico”, ou seja, reestabelecer
a presença do Estado nas áreas de controle do crime organizado, o que não é o
caso das favelas paulistanas, que não são controladas pelo crime organizado,
mas apenas utilizadas como esconderijo. Segundo o Estado as Unidades de Polícia Pacificadora (UPPs), no Rio, foram
uma criação do governador Sérgio Cabral, aliado do governo federal e promessa
de campanha da presidente da República Dilma Rousseff para a área de segurança.
Além disso, o jornal se posicionou a favor dos argumentos utilizados pelo secretario
Ferreira Pinto com relação ao oportunismo do governo federal. O jornal ainda
fez um breve relato de como ocorreu à participação das Forças Armadas na
ocupação dos Complexos do Alemão e da Penha, após uma onda de ataques na cidade
ordenados por traficantes que se encontravam detidos na Penitenciária Federal
de Catanduva, no estado do Paraná. Para especialistas em segurança pública
procurados pelo Estado, a ocupação
das favelas paulistanas não é consensual. De acordo com Paulo Storani,
pesquisador da Universidade Cândido Mendes, Cláudio Beato Filho, da
Universidade Federal de Minas Gerais, e o comandante da polícia militar do Rio
de Janeiro na época da ocupação, coronel Mário Sergio Duarte, ela pode ser
válida. Para o advogado Fernando Pinheiro Pedro, o emprego do Exército e da
Força Nacional de Segurança Pública evitaria o desgaste da imagem da polícia
militar paulista, bem como preservaria a corporação. Por outro lado, a doutora
em psicologia social, Marisa Feffermann é contrária a ocupação de comunidades
como Paraisópolis, argumentando que a ação destruiria a harmonia local e
criminalizaria uma população já marginalizada pela sociedade, já que em
operações anteriores ocorridas no local houve um forte sentimento de revolta na
comunidade. Após as discussões sobre segurança pública entre os governos
federal e estadual, os jornais Correio
Braziliense, Folha de S. Paulo e O
Estado de S. Paulo relataram que a presidente Rousseff e o governador do
estado de São Paulo, Geraldo Alckmin, começaram a negociar, no dia 01/11/12,
uma estratégia conjunta para conter o avanço da violência no estado e, dentre
as possibilidades que serão discutidas, há possibilidade da ocupação de áreas
críticas pelo Exército e Força de Nacional Segurança Pública. Entretanto, de
acordo com a Folha, Alckmin deverá
rejeitar esta possibilidade, pois ele acredita que a situação de São Paulo é
diferente da daquela que motivou a ocupação militar do Complexo do Alemão, no
Rio de Janeiro, porém, não rejeitou a proposta imediatamente. A última vez que
houve uma atuação conjunta entre os governos federal e estadual em São Paulo
foi em agosto de 2006, após uma onda de violência praticada pela facção
criminosa Primeiro Comando da Capital (PCC) contra a polícia paulista. O acordo
da época não incluía o uso de tropas federais, apenas apoio na área de
inteligência, helicópteros e a colaboração da Polícia Federal. (Correio
Braziliense – Brasil – 02/11/12; Folha de S. Paulo – Cotidiano – 02/11/12; O
Estado de S. Paulo – Metrópole – 01/11/12; O Estado de S. Paulo – Notas e
Informações – 02/11/12; O Estado de S. Paulo – Metrópole – 02/11/12)
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