segunda-feira, 5 de novembro de 2012

Governo federal propõe a ocupação de favela em São Paulo


De acordo com o jornal O Estado de S. Paulo, o governo federal irá propor a ocupação da favela de Paraisópolis, localizada na zona sul da cidade de São Paulo, utilizando o modelo de ação que foi empregado na tomada do Complexo do Alemão, no Rio de Janeiro. A secretária Nacional de Segurança Pública, Regina Miki, defendeu a proposta com a justificativa de que a ação poderá conter a violência no local e “garantir um trabalho integrado de inteligência no combate ao tráfico e às organizações criminosas”. Miki destacou também a falta de policiais, dizendo que a ocupação com tais oficiais obrigaria o reposicionamento dos mesmos na cidade, impedindo que eles estejam presentes em outros locais do município. O jornal enfatizou que a secretária pretende negociar com o governo um plano integrado de segurança pública, utilizando, além das Forças Armadas, unidades policiais. O secretário de Segurança Pública de São Paulo, Antônio Ferreira Pinto, no entanto, considerou a ação do governo federal “oportunismo barato, provocativa, risível e sem sentido”. O secretário afirmou que a proposição de aplicar uma ocupação como foi realizada no Complexo do Alemão seria prejudicial e não seria considerada válida por aqueles que conhecem a fundo a cidade de São Paulo e a situação da favela. Ele ainda afirmou que o governo federal teria a intenção de “superdimensionar a crise em São Paulo”, a fim de “desconstruir a segurança pública no estado”. Em editorial publicado no dia 02/11/12, o mesmo jornal ressaltou que a proposta feita por Miki só poderia ser ideia de quem não conhece São Paulo, pois o modelo adotado no estado do Rio de Janeiro “é o de recuperação de território perdido para o narcotráfico”, ou seja, reestabelecer a presença do Estado nas áreas de controle do crime organizado, o que não é o caso das favelas paulistanas, que não são controladas pelo crime organizado, mas apenas utilizadas como esconderijo. Segundo o Estado as Unidades de Polícia Pacificadora (UPPs), no Rio, foram uma criação do governador Sérgio Cabral, aliado do governo federal e promessa de campanha da presidente da República Dilma Rousseff para a área de segurança. Além disso, o jornal se posicionou a favor dos argumentos utilizados pelo secretario Ferreira Pinto com relação ao oportunismo do governo federal. O jornal ainda fez um breve relato de como ocorreu à participação das Forças Armadas na ocupação dos Complexos do Alemão e da Penha, após uma onda de ataques na cidade ordenados por traficantes que se encontravam detidos na Penitenciária Federal de Catanduva, no estado do Paraná. Para especialistas em segurança pública procurados pelo Estado, a ocupação das favelas paulistanas não é consensual. De acordo com Paulo Storani, pesquisador da Universidade Cândido Mendes, Cláudio Beato Filho, da Universidade Federal de Minas Gerais, e o comandante da polícia militar do Rio de Janeiro na época da ocupação, coronel Mário Sergio Duarte, ela pode ser válida. Para o advogado Fernando Pinheiro Pedro, o emprego do Exército e da Força Nacional de Segurança Pública evitaria o desgaste da imagem da polícia militar paulista, bem como preservaria a corporação. Por outro lado, a doutora em psicologia social, Marisa Feffermann é contrária a ocupação de comunidades como Paraisópolis, argumentando que a ação destruiria a harmonia local e criminalizaria uma população já marginalizada pela sociedade, já que em operações anteriores ocorridas no local houve um forte sentimento de revolta na comunidade. Após as discussões sobre segurança pública entre os governos federal e estadual, os jornais Correio Braziliense, Folha de S. Paulo e O Estado de S. Paulo relataram que a presidente Rousseff e o governador do estado de São Paulo, Geraldo Alckmin, começaram a negociar, no dia 01/11/12, uma estratégia conjunta para conter o avanço da violência no estado e, dentre as possibilidades que serão discutidas, há possibilidade da ocupação de áreas críticas pelo Exército e Força de Nacional Segurança Pública. Entretanto, de acordo com a Folha, Alckmin deverá rejeitar esta possibilidade, pois ele acredita que a situação de São Paulo é diferente da daquela que motivou a ocupação militar do Complexo do Alemão, no Rio de Janeiro, porém, não rejeitou a proposta imediatamente. A última vez que houve uma atuação conjunta entre os governos federal e estadual em São Paulo foi em agosto de 2006, após uma onda de violência praticada pela facção criminosa Primeiro Comando da Capital (PCC) contra a polícia paulista. O acordo da época não incluía o uso de tropas federais, apenas apoio na área de inteligência, helicópteros e a colaboração da Polícia Federal. (Correio Braziliense – Brasil – 02/11/12; Folha de S. Paulo – Cotidiano – 02/11/12; O Estado de S. Paulo – Metrópole – 01/11/12; O Estado de S. Paulo – Notas e Informações – 02/11/12; O Estado de S. Paulo – Metrópole – 02/11/12)

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