Segundo
o jornal Folha de S. Paulo, foi
divulgado, no dia 22/11/12, pelo coordenador da Comissão Nacional da Verdade
Claudio Fonteles, uma série de textos que acusam 11 agentes do Estado, entre
civis e militares, pela morte sob tortura de cinco militantes de esquerda
durante o regime militar (1964-1985). Esta revelação foi feita após a análise de
três peritos da Polícia Civil da cidade de Brasília, no Distrito Federal, que
constataram que Carlos Marighella (1911-1969) foi morto sem reagir,
contrariando assim a versão oficial. Fonteles atribuiu a morte de Marighella a
Milton dos Santos (1917-1981), ex-chefe do Centro de Informação do Exército
(CIE). É a primeira vez que a Comissão Nacional da Verdade torna público textos
produzidos por um de seus integrantes. Segundo o próprio Fonteles, o objetivo é
“abrir amplo espaço de diálogo, visando enriquecer
essa pesquisa inicial com sugestões e críticas". Os documentos utilizados
para compor os textos já foram usados por jornais, acadêmicos e escritores.
Fonteles revelou em seus textos “que o metalúrgico Manoel Fiel Filho
(1927-1976), o militante da ALN (Ação Libertadora Nacional) Joaquim Câmara
Ferreira (1913-1970), o padre Antônio Henrique Pereira da Silva Neto
(1940-1969), o engenheiro Raul Amaro Nin Ferreira (1944-1971) e o sargento da
Aeronáutica João Lucas Alves (1935-1969) morreram sob tortura por agentes do
Estado”. Ainda, segundo Fonteles, o delegado Sérgio Paranhos Fleury, do
Departamento de Ordem Política e Social (Dops) de São Paulo, participou da
morte de Ferreira, assim como agentes e legistas encobriram a morte de Aldo de
Sá Brito Souza Neto da ALN (1951-1971) e ainda que houve obstrução do
Ministério da Justiça na apuração da morte do padre Silva Neto. Fonteles, com
base em um relatório confidencial do Serviço Nacional de Informações (SNI),
também revelou a participação da Federação das Indústrias do Estado de São
Paulo (Fiesp) na produção de armas para o movimento militar responsável por
retirar o presidente da República João Goulart do poder, em 1964. O Grupo
Permanente de Mobilização Industrial (GPMI) da Fiesp foi o responsável pelo
"fornecimento de armas e equipamentos militares aos revolucionários
paulistas". A Folha procurou a
Fiesp para comentar o assunto, entretanto não obteve retorno. (Folha de S.
Paulo – Poder – 23/11/12)
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