De acordo com os jornais Correio Braziliense, Folha de S. Paulo e O
Estado de S. Paulo, no dia 13/11/13 na cidade de São Borja, no estado do Rio
Grande do Sul, os restos mortais do ex-presidente da República João Goulart
foram exumados e serão periciados para esclarecer a causa real de sua morte.
Embora oficialmente o ex-presidente tenha morrido em função de um ataque
cardíaco, a Comissão Nacional da Verdade (CNV), a pedido dos familiares de
Goulart, investigam a possibilidade de ter havido um envenenamento promovido
pelas autoridades do regime militar (1964-1985). Segundo os jornais,
compareceram à cidade de São Borja uma equipe técnica com peritos da Polícia
Federal, especialistas estrangeiros e representantes da CNV, bem como os
ministros da Justiça e da Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da
República. Os restos mortais do ex-presidente foram levados para Brasília,
capital Federal, em um avião da Força Aérea Brasileira, onde passarão por
exames antropológicos e de DNA. O especialista consultado pelo do Correio,
Malthus Fonseca Galvão, ex-diretor do Instituto Médico-Legal (IML) do Distrito
Federal, médico legista e professor da Faculdade de Medicina da Universidade de
Brasília (UNB), avaliou que é muito difícil para os peritos provarem qualquer
tipo de envenenamento por sabotagem nos medicamentos que o ex-presidente tomava
por conta de doenças cardíacas. Contudo, o fato do caixão estar intacto
possibilitou aos peritos a retirada dos gases contidos nele antes da abertura,
o que pode facilitar na busca por substâncias tóxicas. Em coluna opinativa do
Correio, a jornalista Tereza Cruvinel afirmou que as circunstâncias da morte de
Goulart provocaram também a sua “morte política”, o seu esquecimento. Segundo
Cruvinel, ao contrário do que aconteceu com o ex-presidente, os demais
oponentes do regime foram reabilitados, podendo inclusive voltar para a
política, o que não foi possível para Goulart que morreu no exílio. A
jornalista destacou ainda a importância e carga simbólica da determinação da
presidenta da República Dilma Rousseff para que os restos mortais fossem
recebidos com honras de chefe de Estado, em cerimônia que ocorreu na Base Aérea
de Brasília. Segundo O Estado, os restos mortais foram recepcionados com “salva
de 21 tiros de canhão, na presença da presidente Rousseff e de três
ex-presidentes da República - José Sarney, Fernando Collor de Mello e Luiz
Inácio Lula da Silva”. O Estado destacou o gesto dos comandantes militares que
bateram continência a Goulart. Ademais, de acordo com o periódico, a viúva do
ex-presidente afirmou que a ação "é um resgate da memória do meu
marido". Segundo A Folha, durante a cerimônia, a família do ex-presidente
deposto declarou que “a dívida do Estado brasileiro está paga, mas a exumação
de seu corpo ainda não é suficiente para finalizar o processo de investigação
sobre sua morte”. Além disso, no dia 13/11/13, os senadores Pedro Simon e
Randolfe Rodrigues apresentaram um projeto de anulação do ato
que destituiu Goulart do cargo de presidente da República, viabilizando a
tomada do poder pelos militares. A Folha relembrou que mesmo vivendo no exílio,
o ex-presidente foi constantemente alvo de ameaças e que o Serviço Nacional de
Inteligência (SNI) continuou espionando-o. Em 2006, um agente da repressão no
Uruguai afirmou ter participado de um esquema a mando do governo brasileiro que
visava assassinar Goulart misturando veneno a seus remédios. (Correio
Braziliense – 12/11/13; Correio Braziliense – 13/11/13; Correio Braziliense –
14/11/13; Folha de S. Paulo – Poder – 12/11/13; Folha de S. Paulo – Poder –
13/11/13; Folha de S. Paulo – Poder – 14/11/13; Folha de S. Paulo – Poder –
15/11/13; O Estado de S. Paulo – Política – 13/11/13; O Estado de S. Paulo –
15/11/13)
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