De
acordo com o jornal Correio Braziliense, a Universidade de Brasília (UnB)
tornou-se uma das instituições mais vigiadas e sofreu vários tipos de
intervenções durante o regime militar (1964-1985). Segundo o periódico, foi
instalado na reitoria da UnB, em 1971, a Assessoria de Assuntos Especiais,
órgão subordinado ao Serviço Nacional de Informações (SNI), responsável por
“supervisionar e coordenar as atividades de informações e contrainformações no
Brasil e no exterior”. De acordo com Paulo Parucker, pesquisador da Comissão
Anísio Teixeira de Memória e Verdade da UnB, “era uma rede vastíssima, os
ambientes eram completamente vigiados para o desmantelamento das organizações
clandestinas, dos partidos, das dissidências e da subversão”. Segundo o
Correio, poucos arquivos de órgãos como esse não desapareceram, como os do
fundo da Assessoria de Segurança de Informações da UnB (ASI-UnB), cujos
arquivos – que contam com mais de 62 mil páginas reveladoras da profundidade do
governo na espionagem contra os estudantes - encontram-se no Arquivo Nacional.
De acordo com o jornal, nos arquivos constam dossiês que relatam a presença de
estudantes “detidos por ocasião do movimento estudantil” em eventos,
assembleias e reuniões. De acordo com Parucker, desses documentos decorriam
ações, como aconselhamento sobre a não contratação de professores e a indicação
de afastamento de alunos, entre outras medidas. O pesquisador defendeu a
utilização desses papeis para “montar um quadro mais nítido do momento
histórico, identificando circunstâncias, vítimas, algozes e lugares”. Em artigo
para o jornal Correio Brasiliense, Cristiano Paixão, professor da Faculdade de
Direito da UnB, procurador regional do Trabalho, conselheiro da Comissão de
Anistia do Ministério da Justiça e coordenador de Relações Institucionais da
Comissão da Verdade da universidade, relatou que o movimento estudantil e
outras entidades da sociedade civil protagonizaram em Brasília a resistência ao
regime militar utilizando as ruas para protestar. Além disso, a capital federal
foi também palco da repressão do regime e, segundo Paixão, esses acontecimentos
precisam ser ensinados e discutidos e a memória da sociedade, ativada. De
acordo com o professor, a Comissão da Verdade da UnB está reunindo vários
depoimentos dos que participaram da resistência ao regime militar, a fim de
torná-los amplamente conhecidos. Paixão defendeu ainda a destinação de um
espaço público na Esplanada dos Ministérios, em Brasília, para a criação de “um
memorial dedicado aos direitos humanos, à resistência e à democracia”. (Correio
Braziliense – 06/11/13)
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