quinta-feira, 7 de novembro de 2013

Jornal retrata a importância da invasão da Universidade de Brasília na criação do Ato Institucional nº5

Segundo o jornal Correio Braziliense, um dos locais mais importantes explorados pelo regime militar (1964-1985) foi a Universidade de Brasília (UnB). A presença de jovens ligados à resistência na universidade chamou atenção do regime ocasionando uma série de ocupações e intervenções das forças policiais. De acordo com o Correio, a invasão ocorrida no dia 29/08/68 poderia ter sido o pretexto esperado pelos militares para a edição do Ato Institucional n° 5 (AI-5), responsável por endurecer a repressão nos anos seguintes. Segundo Cláudio de Almeida, ex- aluno da UnB, os alunos já sabiam que a polícia invadiria o campus naquele dia, pois recebiam informações de filhos de militares. Betty Almeida, colega de Cláudio, relatou que a polícia invadiu o campus violentamente, destruindo a universidade e batendo nos estudantes, principalmente em Honestino Guimarães, líder estudantil, único a ser levado preso pelos militares. Revoltados com a ocupação e a prisão de Guimarães, os alunos da UnB botaram fogo em uma viatura que havia ficado no campus. Em resposta, o governo militar invadiu novamente a universidade com o Exército e as Polícias Militar, Civil e Política, chegando a cercar o campus com tanques de guerra. O confronto entre as forças militares e os alunos, que se defendiam com paus e pedras, terminou com dois estudantes baleados: Waldemar Alves da Silva Filho e Márcio José dos Santos. Após o confronto, os estudantes foram reunidos e passaram por uma triagem: aqueles que tinham as mãos sujas foram presos por terem atirado pedras nos policiais. No momento em que as prisões aconteciam, vários congressistas chegaram à UnB. Baseado na violenta invasão da UnB e no fechamento da Universidade Federal de Minas Gerais, Márcio Moreira Silva, então deputado federal filiado ao Movimento Democrático Brasileiro (MDB), em discurso no Congresso Nacional, conclamou o povo a boicotar o militarismo. O congressista pediu aos cidadãos que não participassem das comemorações da Independência do Brasil. O então presidente da República, general  Arthur da Costa e Silva, pediu ao Poder Judiciário a cassação de Moreira Silva, porém, a Câmara Federal negou a licença para que o deputado fosse processado. Essa série de incidentes serviu como pretexto para que Costa e Silva editasse o AI-5 em 13/12/68. (Correio Braziliense – 28/10/13)


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