Segundo
o jornal Correio Braziliense, um dos locais mais importantes explorados pelo
regime militar (1964-1985) foi a Universidade de Brasília (UnB). A presença de
jovens ligados à resistência na universidade chamou atenção do regime
ocasionando uma série de ocupações e intervenções das forças policiais. De
acordo com o Correio, a invasão ocorrida no dia 29/08/68 poderia ter sido o
pretexto esperado pelos militares para a edição do Ato Institucional n° 5
(AI-5), responsável por endurecer a repressão nos anos seguintes. Segundo
Cláudio de Almeida, ex- aluno da UnB, os alunos já sabiam que a polícia
invadiria o campus naquele dia, pois recebiam informações de filhos de
militares. Betty Almeida, colega de Cláudio, relatou que a polícia invadiu o
campus violentamente, destruindo a universidade e batendo nos estudantes,
principalmente em Honestino Guimarães, líder estudantil, único a ser levado
preso pelos militares. Revoltados com a ocupação e a prisão de Guimarães, os
alunos da UnB botaram fogo em uma viatura que havia ficado no campus. Em
resposta, o governo militar invadiu novamente a universidade com o Exército e
as Polícias Militar, Civil e Política, chegando a cercar o campus com tanques
de guerra. O confronto entre as forças militares e os alunos, que se defendiam
com paus e pedras, terminou com dois estudantes baleados: Waldemar Alves da
Silva Filho e Márcio José dos Santos. Após o confronto, os estudantes foram
reunidos e passaram por uma triagem: aqueles que tinham as mãos sujas foram
presos por terem atirado pedras nos policiais. No momento em que as prisões
aconteciam, vários congressistas chegaram à UnB. Baseado na violenta invasão da
UnB e no fechamento da Universidade Federal de Minas Gerais, Márcio Moreira
Silva, então deputado federal filiado ao Movimento Democrático Brasileiro
(MDB), em discurso no Congresso Nacional, conclamou o povo a boicotar o
militarismo. O congressista pediu aos cidadãos que não participassem das
comemorações da Independência do Brasil. O então presidente da República,
general Arthur da Costa e Silva, pediu
ao Poder Judiciário a cassação de Moreira Silva, porém, a Câmara Federal negou
a licença para que o deputado fosse processado. Essa série de incidentes serviu
como pretexto para que Costa e Silva editasse o AI-5 em 13/12/68. (Correio
Braziliense – 28/10/13)
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