quinta-feira, 14 de novembro de 2013

Agência Brasileira de Inteligência monitorou diplomatas estrangeiros

De acordo com os jornais Correio Braziliense, Folha de S. Paulo e O Estado de S. Paulo, a Agência Brasileira de Inteligência (Abin) monitorou diplomatas russos, iranianos, iraquianos e uma sala alugada pela Embaixada estadunidense em Brasília, capital federal, entre os anos de 2003 e 2004. Segundo relatório produzido pelo Departamento de Operações de Inteligência da Abin, foram monitorados e fotografados diplomatas russos com envolvimento em negociações de equipamentos  de defesa. Alguns militares da área de inteligência, servidores da ativa e da inativa da Abin entrevistados pela Folha afirmaram  participação direta nas ações. As operações foram classificadas como de “contrainteligência” e o Gabinete de Segurança Institucional (GSI) da Presidência da República declarou que as operações foram realizadas de acordo com a legislação brasileira. Ainda segundo a Folha, documentos secretos da Abin revelaram que o Brasil investigou agentes do serviço secreto francês, a fim de descobrir se houve ação de sabotagem por parte da França na explosão de 2003 na base de lançamentos aeroespaciais de Alcântara, no estado do Maranhão. Entretanto, não encontraram provas de sabotagem, prevalecendo a versão oficial de que houve uma pane elétrica. De acordo com o jornal, a base de Alcântara, devido à sua localização, poderia se transformar na única concorrente do Centro Espacial de Kourou, na Guiana Francesa. Além disso, o Brasil teria monitorado órgãos de cooperação e cultura relacionados à Embaixada da França no Brasil. Conforme publicado pela Folha, no dia 05/11/13, uma porta-voz do governo iraniano declarou que Teerã pretende conversar com o Brasil sobre o caso do monitoramento de seus diplomatas. O vice-presidente da Comissão Mista de Controle das Atividades de Inteligência do Congresso Nacional, senador federal Ricardo Ferraço, por sua vez, pretendia convocar o diretor-geral da Abin, Wilson Trezza, e o chefe do GSI, José Elito Carvalho Siqueira para esclarecimentos sobre o caso. O mesmo foi feito pelas Comissões de Desenvolvimento Econômico, Relações Exteriores e Segurança Pública. Até o dia 07/11/13, no entanto, a aprovação para uma audiência pública para tal fim, com Siqueira e Trezza, foi aprovada apenas nas Comissões de Relações Exteriores e de Fiscalização e Controle da Câmara dos Deputados. Segundo a Folha, a Comissão Mista de Controle das Atividades de Inteligência do Congresso Nacional se reúne apenas em momentos emergenciais, conforme informado pelo deputado federal Nelson Pellegrino, presidente da Comissão, que admitiu não haver reuniões periódicas e acompanhamento metódico. De acordo com o procurador Denilson Feitoza, presidente do Instituto Brasileiro de Inteligência Criminal, o Congresso Nacional tem corresponsabilidade pela fragilidade do país nessa área, pois “as ações do serviço de inteligência brasileiro são definidas por uma legislação genérica, sem limites definidos”, além de carecer de controle externo eficiente. Segundo a Folha, no dia 05/11/13, José Eduardo Cardozo, ministro da Justiça afirmou que as ações de inteligência do governo brasileiro não se comparam às práticas de espionagem dos Estados Unidos da América, uma vez que o Brasil empreendeu ações de contraespionagem que não violaram os direitos das pessoas. De acordo com Cardozo, as ações da Abin não abalam a imagem do Brasil e destacou que foram executadas em território nacional, ou seja, não violaram a soberania de outros países. Segundo o ministro, o que não se pode fazer é “violar direito das pessoas, a soberania das pessoas. Essa me parece uma diferença crucial. Se nós não fizermos essa distinção, vai dar a impressão de que estamos usando o mesmo método que nós recriminamos. Isso não é verdade”. Conforme Cardozo trata-se de uma questão de defesa da soberania nacional. A presidenta da República, Dilma Rousseff, afirmou que o governo brasileiro, por meio da Abin, pratica espionagem “preventiva” e que isso difere totalmente das ações executadas pelo EUA. Em entrevista ao grupo RBS, conforme informou o Correio Braziliense, Rousseff declarou que não pode comparar o que a Abin fez em 2003 e 2004 com as ações de espionagem norte-americanas, uma vez que a atuação da Abin caracterizaria contrainteligência e que havia suspeitas de interferência [dos outros países] em negócios privados e públicos no Brasil. Ainda de acordo com presidenta, quando um país pratica invasão de privacidade, como foi o caso dos EUA, a situação se torna violação de direitos humanos, diferentemente das ações da Abin. (Correio Braziliense – 07/11/13; Folha de S. Paulo – Poder – 04/11/13; Folha de S. Paulo – Poder – 05/11/13; Folha de S. Paulo – Poder – 06/11/13; Folha de S. Paulo – Poder – 07/11/13; O Estado de S. Paulo – Política – 07/11/13)

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