Em
coluna opinativa para o jornal Folha de S. Paulo, historiador Boris Fausto
afirmou que os Estados Unidos da América (EUA) apoiariam a tomada de poder
pelos militares no Brasil em 1964 mesmo que o presidente estadunidense John F.
Kennedy não tivesse sido assassinado. De acordo com Fausto, os EUA tinham o
objetivo de impedir que o caso da Revolução Cubana (1959) se repetisse em outro
país e o Brasil era visto com preocupação diante do crescimento dos movimentos
sociais, do aumento da inflação e da dificuldade do então presidente da
República João Goulart em governar. Com isso, segundo o historiador, no ano de
1963 os EUA estavam empenhados em apoiar grupos de oposição do Brasil,
inclusive os que defendiam o golpe militar como solução política. De acordo com
Fausto, Kennedy afirmara ao embaixador Lincoln Gordon: "Do jeito que o Brasil
vai, daqui a três meses o Exército pode vir a ser a única coisa que nos
resta". O historiador considerou improvável que Kennedy, se tivesse vivo à
época da tomada de poder pelos militares no Brasil, apoiaria os seguidores do
marechal Castello Branco em detrimento dos integrantes da chamada “linha dura”
que disputavam o poder no interior das Forças Armadas. Segundo Fausto, o Brasil
não era “o quintal dos EUA” e a vitória da “linha dura” atribuía-se “aos rumos
da política interna e ao desfecho entres as facções militares”. (Folha de S.
Paulo – Mundo – 20/11/13)
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