quinta-feira, 14 de novembro de 2013

Memórias da cidade de Brasília I: Universidade de Brasília foi alvo de espionagem durante o regime militar

De acordo com o Correio Braziliense, durante o regime militar (1964-1985) o campus da Universidade de Brasília (UnB) foi constantemente vigiado por agentes militares. A Universidade foi um dos principais endereços do regime militar, tanto relacionado à repressão quanto a resistência. Em 1978, após alunos da UnB terem sintonizado no radio a transmissão de um debate do Diretório Universitário para a criação do Diretório Central dos Estudantes Livre, foi encontrado um aparelho transmissor composto de microfone, pré-amplificador, transmissor e fonte de alimentação. Segundo os alunos do Departamento de Elétrica, o aparelho poderia ser instalado em 30 segundos e alcançava um raio de 10 quilômetros, cuja frequência era reservada,para utilizá-la era preciso de autorização do Departamento Nacional de Telecomunicações (Dentel). Depois que o aparelho foi encontrado, funcionários do Serviço de Proteção ao Patrimônio tentaram levá-lo para analise, porém, se retiraram quando encontraram resistência dos alunos. Paulo Parucker, atualmente pesquisador da Comissão Anísio Teixeira de Memória e Verdade da UnB, alegou que, apesar dos documentos da época mostrarem que não foi encontrado nenhum responsável pela escuta, é muito provável que ela fazia parte de um sistema de informações do regime militar. Antônio Carpintero, professor de arquitetura da UnB, revelou que era notável o clima de vigilância dentro da Universidade, agentes matriculados nos cursos tentavam interagir com diversos grupos, além da presença constante dos militares no campus. Após a entrada em vigor da Lei Suplicy de Lacerda, de 27/10/64, que colocou todas as entidades estudantis na clandestinidades, salvo as vinculadas com Ministério da Educação, o governo instituiu o Decreto-Lei nº 477 de fevereiro de 1969, que demandava a punição rigorosa de professores, alunos e funcionários considerados subversivos. Devido a essa nova lei, as discussões sobre a criação de uma entidade representativa independente só foram retomadas em 1970, ainda sob constante vigilância militar (Correio Braziliense – 03/11/13)


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