Em
artigo opinativo para o jornal O Estado de S. Paulo, Virgílio de Almeida,
Secretário de política de informática do Ministério da Ciência, Tecnologia e
Inovação (MCTI) e coordenador do comitê Gestor da Internet no Brasil, afirmou
que a presidenta da República, Dilma Rousseff, declarou em seu discurso de
abertura da Assembleia-Geral da Organização das Nações Unidas que redobrará os
esforços para o desenvolvimento da defesa cibernética brasileira. A crescente
dependência da rede aumentou o potencial de impacto que resultaria de uma falha
ou interrupção da internet. Diante tal risco, o desenvolvimento de tecnologia
para segurança e defesa cibernética tem sido prioridade para o governo
brasileiro. Segundo Almeida, a segurança cibernética se refere “à proteção
contra interferência ou ataques às atividades, às informações e aos serviços
nos dispositivos digitais e redes”. Existem assimetrias no ciberespaço que
dificultam sua proteção. Enquanto o custo para se defender de ataques via vírus
e robots é baixo, a proteção das redes do país exige um investimento alto.
Outra dificuldade encontrada é o constante desenvolvimento de novas formas de
ataque, que torna impossível a criação de um padrão de defesa baseado em
ataques passados. Considerando que os países que possuem mais desenvolvimento
nesta aérea não disponibilizam seus mecanismos de defesa no mercado, o único
meio de melhorar a segurança no Brasil é o investimento em ciência e
tecnologia. Almeida considera que além de se preocupar com o avanço
tecnológico, o governo precisa estar atento ao desenvolvimento de uma
regulamentação para o ciberespaço e de medidas econômicas e educativas. A
regulamentação do ciberespaço tem como pilares do seu arcabouço legal o Marco
Civil da Internet, a Lei de Proteção de Dados Pessoais e a atuação do Comitê
Gestor da Internet. Além disso, o desenvolvimento e capacitação tecnológica
para defesa passam, necessariamente, pelo apoio a pesquisas do MCTI. O
Secretário explicou que em 2012 o MCTI lançou o Programa TI Maior - programa
estratégico de Software e Serviços de Tecnologia da Informação – direcionado,
principalmente, para defesa cibernética. No primeiro semestre desse ano, a
Financiadora de Estudos e Projetos (Finep) elaborou um edital de R$ 60 milhões
destinados a empresas de software nas áreas do Programa TI Maior, sendo a área
de defesa com o maior número de interessados. Na avaliação de Almeida, as
tecnologias desenvolvidas para segurança cibernética podem ser usadas tanto
para fins militares e governamentais, como para fins civis. Essa dualidade gera
um interesse estratégico, pois os ciberataques não se restringem às
instituições do governo. Um investimento de cerca de R$ 140 milhões deverá
apoiar o desenvolvimento da autonomia brasileira no setor. (O Estado de S.
Paulo – Espaço Aberto – 13/11/13)
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