Em coluna opinativa para o jornal Correio Braziliense, o jornalista Luiz
Carlos Azedo relembrou a história do ex-presidente da República João Belchior
Marques Goulart (Jango), cujos restos mortais foram exumados por decisão da
Comissão Nacional da Verdade. Azedo ressaltou a suspeita de que o ex-presidente
tenha sido envenenado durante a Operação Condor, aliança político-militar entre
os regimes militares do Brasil, Argentina, Bolívia, Chile e Uruguai. Em 1961,
na condição de vice-presidente da República, Goulart assumiu o governo após a
renúncia do então presidente Jânio Quadros, tendo forte apoio popular. Como
condição ao cargo, Goulart aceitou o parlamentarismo; no entanto, no ano
seguinte, convocou um plebiscito no qual o povo optou pela volta do
presidencialismo. Em 1964, foi deposto pelos militares, acusado de comandar uma
“república sindicalista” e tendo em vista o fracasso do Plano Trienal que levou
ao descontrole da inflação. Segundo Azedo, falhas políticas como a tolerância
com a revolta dos marinheiros e tentativa de mudança da Constituição foram
apontadas como possíveis causas para sua deposição. Em 14/11/13, os restos
mortais de Goulart foram recebidos com honras militares no Palácio do Planalto
e representaram um marco na restauração da verdade a respeito das vítimas do
regime militar (1964-1985). No dia seguinte, em reportagem para a Folha de S.
Paulo, Carlos Fico, professor de história do Brasil da Universidade Federal do
Rio de Janeiro (UFRJ), afirmou que “exumar também significa retirar do
esquecimento”. Segundo o professor, apesar de ter sido uma figura popular,
Goulart foi rapidamente esquecido após sua deposição, pois “a censura do regime
militar não permitia que seu nome fosse mencionado”. De acordo com Fico, nas
últimas décadas a trajetória de Goulart voltou a ser estudada e as avaliações
“apaixonadas, como as que foram feitas contra Goulart logo após o golpe de
1964” estão se alterando. (Correio Braziliense – 11/11/13; Folha de S. Paulo –
Poder – 15/10/13)
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