quarta-feira, 21 de agosto de 2013

Documentos secretos II: Informações adicionais sobre a política nuclear brasileira durante o regime militar

De acordo com o periódico O Estado de S. Paulo, arquivos secretos do Estado-Maior das Forças Armadas (EMFA), cujo acesso foi liberado pelo Arquivo Nacional, na cidade de Brasília (Distrito Federal), revelam informações importantes sobre a política nuclear brasileira durante o regime militar (1964-1985). De acordo com o jornal, o desenvolvimento de armamento nuclear pelo país nunca foi efetivado, porque, mesmo quando foi posta em prática uma política externa que negava a adesão brasileira à acordos que limitassem a exploração dessa tecnologia, a condição interna do Brasil, tanto em termos de econômicos como em termos de projetos, distanciava o país da meta de construir armas atômicas. Em 1953, em visita ao Brasil, o físico americano responsável pelo Projeto Manhattan para a obtenção de armamento nuclear durante a Segunda Guerra Mundial (1939-1945), professor Julius Oppenheimer, afirmou considerar que o país criaria sua bomba atômica em breve. Isso porque, segundo Oppenheimer, o país era a nação sul-americana com maior desenvolvimento científico no campo nuclear, portanto, o Brasil estaria “entre as potências com segredo atômico”. Entretanto, segundo O Estado, foi depois da tomada de poder pelos militares, em 1964, que a pretensão de desenvolvimento da política nuclear se intensificou. Isso porque, para os militares, possuir a bomba atômica era sinônimo de força internacional. A partir de então, na reunião da Comissão Preparatória para a Desnuclearização da América Latina (COPREDAL), em abril de 1966, no governo do então presidente da República, Humberto Castello Branco, o corpo diplomático brasileiro foi orientado a criar condições para que o Brasil permanecesse como defensor do pacifismo, mas que não admitisse acordos que impedissem o seu aparelhamento nuclear. Mais adiante, no governo do então presidente da República Ernesto Beckmann Geisel, em exposição feita ao Alto Comando das Forças Armadas, no dia 10/06/74, Geisel exprimiu a intenção de "desenvolver uma tecnologia para a utilização da explosão nuclear para fins pacíficos, o que nos permitirá, inclusive, se necessário, dispor de nossa própria arma". De acordo com o discurso, graças à então explosão de bomba nuclear pela Índia, o presidente temeu que o Brasil ficasse em desvantagem, inclusive com relação à Argentina, no desenvolvimento nuclear, tanto para fins econômicos, como militares. Sobre a Argentina, Geisel afirmara ainda que "dentro da necessidade de atualização, ressaltada pelo EMFA, o conceito deverá abranger a hipótese de guerra continental envolvendo a Argentina". (O Estado de S. Paulo – Internacional – 12/08/13)

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