De acordo com o jornal Correio
Braziliense, os ex-tenentes do Exército Luiz Mário Correia Lima, Roberto Duque
Estrada, Dulene Garcez, e também o ex-major do Corpo de Bombeiros, Valter da
Costa Jacarandá, acusados de sequestrar, torturar e matar o dirigente do
Partido Comunista Brasileiro Revolucionário (PCBR), Mário Alves, nas
dependências do Destacamento de Operações de Informações - Centro de Operações
de Defesa Interna (DOI-Codi) do 1º Exército no Rio de Janeiro, em janeiro de
1970, seriam ouvidos pela Comissão Estadual da Verdade do Rio de Janeiro.
Entretanto, segundo os jornais Folha de S. Paulo e O Estado de S. Paulo, somente Jacarandá compareceu a sessão, que
ocorreu no prédio da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro. A ausência de
Lima, Estrada e Garcez foi justificada pelo advogado Rodrigo Roque, que afirmou
que os três já foram ouvidos sobre o desaparecimento de Alves na mesma
Comissão, além de responderem por isso na justiça. Segundo a Folha, Jacarandá
confirmou a ocorrência de atos de tortura durante os interrogatórios e afirmou
que o seu papel no DOI-Codi era, na maioria das vezes, produzir e entregar aos
interrogadores os perfis daqueles que seriam interrogados. De acordo com O
Estado, ao ser indagado sobre uma explicação para o termo “excessos”, que
Jacarandá usou para descrever os atos que se passavam nas dependências do
DOI-Codi, ele esclareceu: “o excesso é a tortura, e a tortura é o excesso”.
Entretanto, afirmou não ter informações sobre o caso de Alves, objetivo da
sessão. Além disso, de acordo com a Folha, houve ainda, dentre outros, os
depoimentos dos ex-presos políticos, o advogado e ex-participante do PCBR, José
Carlos Tórtima, e do professor Paulo Sérgio Paranhos, que afirmou ter sido
torturado por Jacarandá. Em entrevista ao Estado, Tórtima revelou que "nada foi pior" que o período em
que passou preso no DOI-Codi, em 1970: foram 45 dias de tortura. Essa revelação
sucedeu o depoimento de Jacarandá, que confessou ter torturado e visto serem
torturados prisioneiros do DOI–Codi. Tórtima admitiu que Jacarandá não foi um
de seus torturadores e que a confissão do militar constitui um “grande avanço”
pelo fato de um militar envolvido na repressão reconhecer que houve torturas.
Tórtima contou ainda que foi preso durante um almoço na casa de seus pais, após
terminar o quarto ano do curso de Direito; segundo ele, os militares que o
prenderam “estavam armados e foram educados”, o comandante chegou a aconselhar
a mãe de Tórtima a procurar algum amigo com influência nos quartéis.
Questionado a respeito de seus torturadores, Tórtima nomeou quatro: “Boneschi e
Timóteo, da Polícia Civil, o capitão Timóteo, da PM, o capitão Gomes Carneiro”.
Revelou também que Boneschi era o mais
ideológico e que durante as torturas
perguntavam por “nomes e aparelhos”. Por ultimo, revelou que voltar da prisão
foi complicado porque não o deixaram retomar o curso de direito na faculdade,
que atualmente é a Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ). (Correio
Braziliense – 14/08/13; Folha de S. Paulo – Poder – 15/08/13; O Estado de S.
Paulo – Política – 15/08/13; O Estado de S. Paulo – Política – 16/08/13)
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