quarta-feira, 21 de agosto de 2013

Comissão da Verdade do Estado do Rio de Janeiro ouviu ex-presos políticos e militares acusados de matar dirigente de partido comunista

De acordo com o jornal Correio Braziliense, os ex-tenentes do Exército Luiz Mário Correia Lima, Roberto Duque Estrada, Dulene Garcez, e também o ex-major do Corpo de Bombeiros, Valter da Costa Jacarandá, acusados de sequestrar, torturar e matar o dirigente do Partido Comunista Brasileiro Revolucionário (PCBR), Mário Alves, nas dependências do Destacamento de Operações de Informações - Centro de Operações de Defesa Interna (DOI-Codi) do 1º Exército no Rio de Janeiro, em janeiro de 1970, seriam ouvidos pela Comissão Estadual da Verdade do Rio de Janeiro. Entretanto, segundo os jornais Folha de S. Paulo e O Estado de S. Paulo,  somente Jacarandá compareceu a sessão, que ocorreu no prédio da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro. A ausência de Lima, Estrada e Garcez foi justificada pelo advogado Rodrigo Roque, que afirmou que os três já foram ouvidos sobre o desaparecimento de Alves na mesma Comissão, além de responderem por isso na justiça. Segundo a Folha, Jacarandá confirmou a ocorrência de atos de tortura durante os interrogatórios e afirmou que o seu papel no DOI-Codi era, na maioria das vezes, produzir e entregar aos interrogadores os perfis daqueles que seriam interrogados. De acordo com O Estado, ao ser indagado sobre uma explicação para o termo “excessos”, que Jacarandá usou para descrever os atos que se passavam nas dependências do DOI-Codi, ele esclareceu: “o excesso é a tortura, e a tortura é o excesso”. Entretanto, afirmou não ter informações sobre o caso de Alves, objetivo da sessão. Além disso, de acordo com a Folha, houve ainda, dentre outros, os depoimentos dos ex-presos políticos, o advogado e ex-participante do PCBR, José Carlos Tórtima, e do professor Paulo Sérgio Paranhos, que afirmou ter sido torturado por Jacarandá. Em entrevista ao Estado, Tórtima revelou que  "nada foi pior" que o período em que passou preso no DOI-Codi, em 1970: foram 45 dias de tortura. Essa revelação sucedeu o depoimento de Jacarandá, que confessou ter torturado e visto serem torturados prisioneiros do DOI–Codi. Tórtima admitiu que Jacarandá não foi um de seus torturadores e que a confissão do militar constitui um “grande avanço” pelo fato de um militar envolvido na repressão reconhecer que houve torturas. Tórtima contou ainda que foi preso durante um almoço na casa de seus pais, após terminar o quarto ano do curso de Direito; segundo ele, os militares que o prenderam “estavam armados e foram educados”, o comandante chegou a aconselhar a mãe de Tórtima a procurar algum amigo com influência nos quartéis. Questionado a respeito de seus torturadores, Tórtima nomeou quatro: “Boneschi e Timóteo, da Polícia Civil, o capitão Timóteo, da PM, o capitão Gomes Carneiro”. Revelou também que Boneschi  era o mais ideológico  e que durante as torturas perguntavam por “nomes e aparelhos”. Por ultimo, revelou que voltar da prisão foi complicado porque não o deixaram retomar o curso de direito na faculdade, que atualmente é a Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ). (Correio Braziliense – 14/08/13; Folha de S. Paulo – Poder – 15/08/13; O Estado de S. Paulo – Política – 15/08/13; O Estado de S. Paulo – Política – 16/08/13)


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