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Arquivo libera foto que revela lesões a bala em Lamarca. Folha de S. Paulo, São Paulo, 18 jul. 2012. |
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Arquivo libera foto que revela lesões a bala em Lamarca. Folha de S. Paulo, São Paulo, 18 jul. 2012. |
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De acordo com o
jornal Folha de S. Paulo, fotos
provenientes do Arquivo Nacional, abertas à consulta pública recentemente, retratam
importantes líderes da esquerda presos durante o regime militar (1964-1985),
acusados de subversão e ligações com a luta armada. Algumas delas são inéditas,
como aquelas que retratam o atual secretário do Meio Ambiente do estado do Rio
de Janeiro, Carlos Minc, que participou do roubo do cofre do ex-governador do
estado de São Paulo, Adhemar de Barros, em 1969, organizado pela Vanguarda
Armada Revolucionária - Palmares (VAR-Palmares). O ex-deputado Fernando
Gabeira, que participou do sequestro do embaixador americano Charles Elbrick,
em 1969, também aparece em algumas fotos, assim como o militante de esquerda
que era membro da Aliança Libertadora Nacional, Apolônio de Carvalho, e o
ex-deputado José Dirceu, que foi preso no 30º Congresso da União Nacional dos
Estudantes na cidade de Ibiúna, no estado de São Paulo, em 1968. No dia
18/07/12, a Folha ainda destacou a
existência de fotos sob tutela do Arquivo Nacional que mostram militantes
feridos durante o regime militar, possivelmente tiradas no Instituto Médico
Legal de Salvador. Uma delas é a de Carlos Lamarca, que comprova os ferimentos
a bala que o levaram a morte no ano de 1971. Outra foto destacada pela Folha é a do corpo de José Campos
Barreto, militante do Movimento Revolucionário Oito de Outubro (MR-8). Ambos
foram mortos pela Operação Pajussara, do Exército. A ativista de direitos humanos Suzana Lisboa
afirmou não possuir “nenhuma dúvida sobre a execução deles”. O jornal ainda
destacou a foto do engenheiro Raul Amaro Nin Ferreira, morto no ano de 1971,
após ter sido torturado no Departamento
de Ordem Política e Social (Dops).
A Folha evidenciou que Ferreira estava saudável quando preso pelo Dops,
onze dias antes de sua morte, porém a causa desta, segundo relatório oficial,
foi uma doença hepática. No livro “Os Anos de Chumbo”, o general do I
Exército, Adyr Fiúza de Castro, reconheceu que Ferreira teria morrido por
consequência de torturas. O periódico Correio Braziliense noticiou que também foram abertos à consulta documentos
que tratavam do monitoramento a jornalistas estrangeiros no Brasil, os quais descreviam
as atividades desses profissionais, suas relações com o governo e os
classificavam às vezes como “indesejáveis” ou de alguma forma nocivos ao
regime. Correspondentes internacionais, como Claude Vanhecke, que trabalhava na
época para o Le Monde, e Marvine Enrietta Howe, então correspondente do The New
York Times, embora soubessem que não agradavam aos militares, se mostraram
surpresos ao saber que existiam dossiês a seu respeito no Arquivo Nacional.
Vanhecke chegou a relatar que já tinha conhecimento da espionagem a sua rotina,
mas que não entendia o porquê do teor dos relatórios a seu respeito; Howe afirmou
não saber por que foi monitorada. Os jornalistas ainda descreveram outros
empecilhos a suas atividades, como a necessidade de ir para países vizinhos
para fazer o envio de reportagens e driblar a censura. (Correio Braziliense –
16/07/12; Folha de S. Paulo – Poder – 14/07/12; Folha de S. Paulo – Poder – 18/07/12)
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