segunda-feira, 6 de agosto de 2012

Arquivo Nacional possui fotos de presos políticos da época do regime militar

Arquivo libera foto que revela lesões a bala em Lamarca. Folha de S. Paulo, São Paulo, 18 jul. 2012.

Arquivo libera foto que revela lesões a bala em Lamarca. Folha de S. Paulo, São Paulo, 18 jul. 2012.







De acordo com o jornal Folha de S. Paulo, fotos provenientes do Arquivo Nacional, abertas à consulta pública recentemente, retratam importantes líderes da esquerda presos durante o regime militar (1964-1985), acusados de subversão e ligações com a luta armada. Algumas delas são inéditas, como aquelas que retratam o atual secretário do Meio Ambiente do estado do Rio de Janeiro, Carlos Minc, que participou do roubo do cofre do ex-governador do estado de São Paulo, Adhemar de Barros, em 1969, organizado pela Vanguarda Armada Revolucionária - Palmares (VAR-Palmares). O ex-deputado Fernando Gabeira, que participou do sequestro do embaixador americano Charles Elbrick, em 1969, também aparece em algumas fotos, assim como o militante de esquerda que era membro da Aliança Libertadora Nacional, Apolônio de Carvalho, e o ex-deputado José Dirceu, que foi preso no 30º Congresso da União Nacional dos Estudantes na cidade de Ibiúna, no estado de São Paulo, em 1968. No dia 18/07/12, a Folha ainda destacou a existência de fotos sob tutela do Arquivo Nacional que mostram militantes feridos durante o regime militar, possivelmente tiradas no Instituto Médico Legal de Salvador. Uma delas é a de Carlos Lamarca, que comprova os ferimentos a bala que o levaram a morte no ano de 1971. Outra foto destacada pela Folha é a do corpo de José Campos Barreto, militante do Movimento Revolucionário Oito de Outubro (MR-8). Ambos foram mortos pela Operação Pajussara, do Exército. A ativista de direitos humanos Suzana Lisboa afirmou não possuir “nenhuma dúvida sobre a execução deles”. O jornal ainda destacou a foto do engenheiro Raul Amaro Nin Ferreira, morto no ano de 1971, após ter sido torturado no Departamento de Ordem Política e Social (Dops). A Folha evidenciou que Ferreira estava saudável quando preso pelo Dops, onze dias antes de sua morte, porém a causa desta, segundo relatório oficial, foi uma doença hepática. No livro “Os Anos de Chumbo”, o general do I Exército, Adyr Fiúza de Castro, reconheceu que Ferreira teria morrido por consequência de torturas. O periódico Correio Braziliense noticiou que também foram abertos à consulta documentos que tratavam do monitoramento a jornalistas estrangeiros no Brasil, os quais descreviam as atividades desses profissionais, suas relações com o governo e os classificavam às vezes como “indesejáveis” ou de alguma forma nocivos ao regime. Correspondentes internacionais, como Claude Vanhecke, que trabalhava na época para o Le Monde, e Marvine Enrietta Howe, então correspondente do The New York Times, embora soubessem que não agradavam aos militares, se mostraram surpresos ao saber que existiam dossiês a seu respeito no Arquivo Nacional. Vanhecke chegou a relatar que já tinha conhecimento da espionagem a sua rotina, mas que não entendia o porquê do teor dos relatórios a seu respeito; Howe afirmou não saber por que foi monitorada. Os jornalistas ainda descreveram outros empecilhos a suas atividades, como a necessidade de ir para países vizinhos para fazer o envio de reportagens e driblar a censura. (Correio Braziliense – 16/07/12; Folha de S. Paulo – Poder – 14/07/12; Folha de S. Paulo – Poder – 18/07/12)

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