Conforme noticiado
pelo periódico O Estado de S. Paulo, o
Comitê Interamericano de Direitos Humanos, órgão vinculado à Organização dos
Estados Americanos (OEA), questionou o governo brasileiro quanto ao cumprimento
da solicitação da busca e apresentação dos restos mortais de dissidentes do
regime militar (1964-1985) assassinados durante a Guerrilha do Araguaia (1972-1975).
Os familiares das vítimas, que já haviam recorrido à Corte e ganho a causa em
2010, se apresentaram novamente, desta vez alegando insatisfação com o
resultado das buscas. Segundo os familiares, os grupos de trabalho que foram
designados para fazer a busca estariam trabalhando sem metodologia científica
ou orientação, e dessa forma desperdiçando dinheiro público. As críticas dos
parentes se concentram também no fato de não serem usados os arquivos das
Forças Armadas da época para que a identificação seja feita e também a perícia
que não ocorreu em ossadas que já foram encontradas e transferidas para o
Distrito Federal. O governo afirmou que responderá os questionamentos do Comitê
no prazo determinado. Gilles Gomes, representante da Secretaria de Direitos
Humanos no Grupo de Trabalho do Araguaia, afirmou que o grupo divulgará um relatório
sobre as atividades já realizadas e os resultados obtidos, e também que não
deve haver tanto “fetichismo” com relação aos documentos oficiais, uma vez que
Gilles levanta a possibilidade de alteração dos documentos, ou mesmo de já
haver ocorrido alguma “limpeza” na região. Sávio Andrade Filho atribuiu as
dificuldades da busca ao tamanho da área em que ela ocorre, sendo sete mil quilômetros
quadrados no sul do estado Pará e norte do Tocantins, região de solo arenoso e
com incidência constante de chuvas. Porém, afirmou que muitos avanços foram
feitos apesar das dificuldades encontradas, já que o grupo dispõe de uma série
de competências técnicas e recursos que permitem que seus integrantes trabalhem
melhor para encontrar os desaparecidos. No dia 17/07/12, o Estado noticiou que a Comissão da Verdade
irá acompanhar as investigações do Grupo de Trabalho. Os familiares dos
desaparecidos serão ouvidos na cidade de São Paulo, visto que, de acordo com a
advogada e integrante da Comissão, Rosa Maria Cardoso da Cunha, tais dispõem de
informações úteis para que as investigações não dependam apenas de documentos.
Segundo o jornal, recentemente 19 ossadas foram encaminhadas à Universidade de
Brasília, onde deverão ser analisadas. O ministro do Superior Tribunal de
Justiça e integrante da Comissão, Gilson Dipp, sugeriu que o Brasil procure
ajuda exterior, caso não tenha conhecimento científico e tecnológico
satisfatório para a identificação das ossadas. Contudo, o Grupo de Trabalho
respondeu a ele que “a tecnologia empregada é a mais avançada do mundo”. No dia 18/07/12, o
Estado noticiou que representantes do Ministério da Defesa, da Justiça e
dos Direitos Humanos afirmaram que as críticas quanto às buscas são “’improcedentes’
e ‘todos os esforços estão sendo feitos para encontrar os desaparecidos e
devolvê-los às famílias’”. Até o momento, não houve identificação de nenhum
guerrilheiro. (O Estado de S. Paulo - Nacional - 16/07/12; O Estado de S. Paulo
– Nacional – 17/07/12; O Estado de S. Paulo - Nacional - 18/07/12)
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