quarta-feira, 29 de agosto de 2012

Morte de Anísio Teixeira é investigada pela Comissão de Memória e Verdade da Universidade de Brasília

De acordo com o periódico Correio Braziliense, a Comissão de Memória e Verdade da Universidade de Brasília (UnB) investiga a morte de Anísio Teixeira, ex-reitor da faculdade, morto em 1971, durante o regime militar (1964-1985). Segundo a versão oficial, divulgada pelos militares na época, Teixeira morreu ao cair acidentalmente no poço do elevador do prédio onde morava seu amigo Aurélio Buarque de Holanda Ferreira, no Rio de Janeiro. Já na nova versão, apresentada pelo professor da Universidade Federal da Bahia (UFBA) e biógrafo de Teixeira, João Augusto de Lima Rocha, à Comissão, o ex-reitor teria morrido a pancadas após ter sido sequentrado e levado a uma base da Aeronáutica para sessões de tortura. Lima Rocha baseou-se nos depoimentos do ex-governador da Bahia, Luís Viana Filho, e do docente Afrânio Coutinho. Após o desaparecimento de Teixeira, sua família teria acionado Viana Filho em busca de auxílio para encontrá-lo. Agentes do Rio de Janeiro teriam informado o ex-governador de que Teixeira fora detido na Aeronáutica. Por sua vez, Coutinho disse ter presenciado a necropsia do corpo do ex-reitor, que apresentava quase todos os ossos quebrados, o que seria um indicativo de tortura. Um dos integrantes da Comissão, o professor José Otávio Nogueira Guimarães, do Departamento de História da UnB, afirmou que “os depoimentos revelados até agora confirmam que a hipótese de ele [o ex-reitor] ter sido morto pelos ditadores é plausível”. O Correio relembrou em uma cronologia que, nove dias após a instauração do regime militar, em abril de 1964, tropas do Exército e da Polícia Militar de Minas Gerais invadiram a UnB sob a alegação de investigar denúncias de “subversão e indisciplina”. No episódio, 12 professores foram presos para interrogatório. No mesmo mês, o regime extinguiu o mandato de Teixeira, nomeando para o cargo de reitor o médico Zeferino Vaz, então diretor da Faculdade de Medicina Ribeirão Preto. Para justificar a mudança na reitoria, o governo militar se baseara em relatórios do Sistema Nacional de Informação, que concluíam que “chegou-se a preparar, no próprio campus, a mobilização da luta armada”. Sobre a versão oficial da morte de Teixeira, a 10ª delegacia do Rio de Janeiro, responsável pela investigação do caso, chegou a registrar a ocorrência como suspeita. Os policiais achavam improvável que o ex-reitor tivesse caído no poço de um elevador, devido à posição em que o corpo foi encontrado, o estado de decomposição do cadáver, o fato de o chão estar limpo e de ninguém tê-lo visto entrar no prédio. Na época, o jornal Última Hora chegou a publicar que “alguém matou e colocou ali o cadáver de Anísio Teixeira”. Sobre a Comissão de Memória e Verdade da UnB, o Correio relembrou a importância de suas reportagens para a criação da Comissão, que teria como intenção contribuir com informações consistentes para levantar o que ocorreu na UnB durante o regime e complementar o trabalho da Comissão da Verdade Nacional. (Correio Braziliense – 18/08/12)

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