De acordo com o periódico Correio Braziliense, a Comissão de Memória e Verdade da
Universidade de Brasília (UnB) investiga a morte de Anísio Teixeira, ex-reitor
da faculdade, morto em 1971, durante o regime militar (1964-1985). Segundo a
versão oficial, divulgada pelos militares na época, Teixeira morreu ao cair
acidentalmente no poço do elevador do prédio onde morava seu amigo Aurélio
Buarque de Holanda Ferreira, no Rio de Janeiro. Já na nova versão, apresentada
pelo professor da Universidade Federal da Bahia (UFBA) e biógrafo de Teixeira,
João Augusto de Lima Rocha, à Comissão, o ex-reitor teria morrido a pancadas
após ter sido sequentrado e levado a uma base da Aeronáutica para sessões de
tortura. Lima Rocha baseou-se nos depoimentos do ex-governador da Bahia, Luís
Viana Filho, e do docente Afrânio Coutinho. Após o desaparecimento de Teixeira,
sua família teria acionado Viana Filho em busca de auxílio para encontrá-lo.
Agentes do Rio de Janeiro teriam informado o ex-governador de que Teixeira fora
detido na Aeronáutica. Por sua vez, Coutinho disse ter presenciado a necropsia
do corpo do ex-reitor, que apresentava quase todos os ossos quebrados, o que
seria um indicativo de tortura. Um dos integrantes da Comissão, o professor
José Otávio Nogueira Guimarães, do Departamento de História da UnB, afirmou que
“os depoimentos revelados até agora confirmam que a hipótese de ele [o
ex-reitor] ter sido morto pelos ditadores é plausível”. O Correio relembrou em uma cronologia que, nove dias após a
instauração do regime militar, em abril de 1964, tropas do Exército e da
Polícia Militar de Minas Gerais invadiram a UnB sob a alegação de investigar
denúncias de “subversão e indisciplina”. No episódio, 12 professores foram
presos para interrogatório. No mesmo mês, o regime extinguiu o mandato de
Teixeira, nomeando para o cargo de reitor o médico Zeferino Vaz, então diretor
da Faculdade de Medicina Ribeirão Preto. Para justificar a mudança na reitoria,
o governo militar se baseara em relatórios do Sistema Nacional de Informação,
que concluíam que “chegou-se a preparar, no próprio campus, a mobilização da
luta armada”. Sobre a versão oficial da morte de Teixeira, a 10ª delegacia do
Rio de Janeiro, responsável pela investigação do caso, chegou a registrar a
ocorrência como suspeita. Os policiais achavam improvável que o ex-reitor
tivesse caído no poço de um elevador, devido à posição em que o corpo foi
encontrado, o estado de decomposição do cadáver, o fato de o chão estar limpo e
de ninguém tê-lo visto entrar no prédio. Na época, o jornal Última Hora chegou a publicar que
“alguém matou e colocou ali o cadáver de Anísio Teixeira”. Sobre a Comissão de
Memória e Verdade da UnB, o Correio
relembrou a importância de suas reportagens para a criação da Comissão, que
teria como intenção contribuir com informações consistentes para levantar o que
ocorreu na UnB durante o regime e complementar o trabalho da Comissão da
Verdade Nacional. (Correio Braziliense – 18/08/12)
Nenhum comentário:
Postar um comentário