Conforme noticiado
pelo jornal O Estado de S. Paulo, o
Ministério Público Federal (MPF) acusou, junto à Comissão da Verdade, a
Comissão de Mortos e Desaparecidos e a Secretaria de Direitos Humanos por
omissão e improbidade administrativa na busca dos corpos dos desparecidos
políticos. Em documento intitulado “Relatório para Fins de Prosseguimento nos
Trabalhos de Busca e Identificação de Mortos e Desaparecidos Políticos no
município de São Paulo”, há citação à demasiada “ineficiência no cumprimento de
suas funções”. Inicialmente, o MPF havia creditado à falta de recursos técnicos
e humanos as dificuldades para realizar as funções; a falta de resultados
apresentados tem preocupado os órgãos responsáveis, segundo o jornal. A
Comissão da Verdade, através de seu coordenador, Gilson Dipp, encaminhou ao
Ministério da Justiça ofício pedindo esclarecimentos quanto às acusações feitas
pelo MPF sobre a atuação da Comissão de Mortos e Desaparecidos com relação ao
andamento e o progresso de seus trabalhos. O relatório cita que a Secretaria e
a Comissão não realizaram suas “obrigações legais de ofício” e cobra ação
imediata de ambos. Os procuradores apontaram, no relatório, casos, como as
ossadas encontradas no cemitério do Araçá, na cidade de São Paulo, à disposição
desde 2001, que ainda não foram analisadas pelas equipes responsáveis pelo
trabalho de identificação. Corpos de militantes dos quais se tem indicações,
como o de Hiroaki Torigoe, também não
entraram nas pautas da Comissão de Mortos e Desaparecidos e há ainda os que
aguardam finalização de exames para devida identificação, como os de Luiz
Hirata e Aylton Mortati. No caso da ossada de Francisco Manoel Chaves, a mesma
se encontra desde 2010 no Instituto Médico Legal de Brasília aguardando
análise. O ministro da Justiça, José Eduardo Cardozzo, também foi cobrado sobre
a atuação do Núcleo de Pesquisa em Identificação Humana para Mortos e
Desaparecidos Políticos da Polícia Federal, que vem trabalhando junto à
Comissão de Mortos e Desaparecidos desde 2010. A Secretaria Especial de Direitos
Humanos afirmou não ter recebido o relatório do MPF e que a busca pelos
desaparecidos políticos constitui sua maior prioridade, contando realizá-la com
apoio do Ministério Público e da Comissão da Verdade. (O Estado de S. Paulo –
Nacional – 23/07/12)
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