De acordo com o jornal Correio Braziliense, documentos do
Ministério da Aeronáutica e do Serviço Nacional de Informações (SNI), que se
tornaram públicos com a Lei de Acesso à Informação, revelaram que os militares
monitoraram o jogador de futebol Pelé entre os anos de 1972 e 1985. Documentos
do acervo do Arquivo Nacional registraram relatórios da Inteligência em
negócios imobiliários, na transação para alterar a classificação etária de um
filme e na suposta militância de um dos funcionários de Pelé. Após o jogador
“consagrar-se com o tricampeonato mundial”, os militares teriam ficado
temerosos com uma suposta aproximação do jogador com o Partido Democrático
Trabalhista (PDT), de Leonel Brizola, chegando à conclusão, no início de 1980,
de que o atleta estaria se utilizando do prestígio do futebol na vida pública.
Informes ainda relatam que Pelé teria sido recrutado para ser candidato a
vice-governador nas eleições de 1986, pelo PDT. Documentos de 1974 apontaram
ainda que os militares destinaram dois relatórios para avaliar a Campanha da
Fraternidade daquele ano, sob o tema “Onde está o teu irmão?”, visto a suposta
existência de uma mensagem subliminar que denunciava o desaparecimento de
militares da oposição. Nos documentos do regime militar (1964-1985), o
funcionário de Pelé, Francisco Fornos, foi investigado por supostamente ter se
utilizado do tema da Campanha da Fraternidade para protestar em panfletos. Pelé
também foi foco dos militares ao pleitear a alteração da restrição de idade do
filme “Os Trombadinhas”. Os responsáveis pela Divisão de Censura de Diversões
Públicas (DCDP), órgão ligado à Polícia Federal, compreenderam a ação de Pelé
como um ato de desobediência e, como “lição”, o filme foi retido por oito
meses. A proximidade de Pelé com o presidente do Santos Futebol Clube, em 1972,
Vasco José Faé, também foi averiguada: “Os militares relataram que Faé se
tornou sócio majoritário de uma rádio que abrigava ‘esquerdistas’ investigados
pelo Departamento de Ordem Política e Social (Dops)”. (Correio Braziliense – Política - 24/07/12)
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