De acordo com o jornal Correio
Braziliense, as Forças Armadas estão enfrentando um êxodo sem precedentes
em seus quadros. Em busca de oportunidades de crescimento profissional e de
melhores salários na iniciativa privada e no funcionalismo público civil, a
elite dos oficiais formados nas escolas das três forças – Marinha, Exército e
Aeronáutica – tem abandonado a carreira militar em quantidades preocupantes, em
um momento no qual o Brasil começa a priorizar a questão da defesa de
fronteiras e dos recursos naturais. Segundo o Correio, a evasão de militares para a iniciativa privada causa
prejuízo financeiro para o Estado e, por essa razão, o oficial que se retira da
carreira militar tem a obrigação de pagar uma indenização inversamente
proporcional ao tempo em que permaneceu no exercício da função. Existem
empresas privadas que, no entanto, assumem o valor da multa para contratar
esses especialistas. De acordo com o jornal, a defasagem salarial em relação à
iniciativa privada é a principal causa da renúncia. Outro motivo é a lentidão
ao galgar as patentes na carreira militar, desmotivando os militares mais
jovens. Tal fato se agrava entre os militares das chamadas áreas-meio –
pilotos, médicos e engenheiros – no que tange à ascensão aos postos de
oficiais-generais e à falta de valorização do especialista. O engenheiro
formado pelo Instituto Militar de Engenharia (IME) André Gustavo de Albuquerque
abandonou o posto de primeiro-tenente para buscar melhores oportunidades no
setor privado logo que se formou, alegando não ser valorizado pelas Forças
Armadas. Albuquerque afirmou que “além de
enfrentar a pressão de ser obrigado a mudar para outras cidades à revelia, o
salário baixo era uma realidade que afugenta. Sem falar que a chance de se
chegar a general é praticamente nula para um engenheiro". De acordo com o
jornal, o governo federal tenta conter a evasão de militares formados em
centros de excelência através da realização de estudos de melhoria no plano de
carreira das Forças Armadas, além do reajuste de 30% concedido em 2012,
dividido em três parcelas até 2015, aos militares das três Forças. A estratégia
principal do governo, porém, estaria no investimento em centros de excelência
das Forças Armadas. Sobre o assunto, em coluna opinativa, o jornalista Carlos
Alexandre afirmou que a evasão de oficiais dos quadros de militares revela um
grave problema do funcionalismo público e demonstra “a fragilidade das ambições do
governo brasileiro em exercer um papel relevante na comunidade internacional”.
Além disso, Alexandre destacou que outra preocupação dos oficiais relaciona-se
à influência política como fator determinante na escolha das patentes mais
altas das Forças Armadas, muitas vezes acima do mérito dos servidores. Segundo
o jornalista, “nas distorções da administração pública federal”, os militares
estão entre as categorias mais penalizadas e os problemas se estendem ao tratar
o maquinário obsoleto. Alexandre defendeu que para alcançar a almejada ascensão
do país na comunidade internacional, são necessários grandes investimentos na
formação e na retenção de oficiais nos postos das Forças Armadas, além da
modernização de seus equipamentos. (Correio Braziliense – Política – 07/04/13;
Correio Braziliense – Opinião – 09/04/13)
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