terça-feira, 23 de abril de 2013

Migração de oficiais das Forças Armadas para o setor privado preocupa


De acordo com o jornal Correio Braziliense, as Forças Armadas estão enfrentando um êxodo sem precedentes em seus quadros. Em busca de oportunidades de crescimento profissional e de melhores salários na iniciativa privada e no funcionalismo público civil, a elite dos oficiais formados nas escolas das três forças – Marinha, Exército e Aeronáutica – tem abandonado a carreira militar em quantidades preocupantes, em um momento no qual o Brasil começa a priorizar a questão da defesa de fronteiras e dos recursos naturais. Segundo o Correio, a evasão de militares para a iniciativa privada causa prejuízo financeiro para o Estado e, por essa razão, o oficial que se retira da carreira militar tem a obrigação de pagar uma indenização inversamente proporcional ao tempo em que permaneceu no exercício da função. Existem empresas privadas que, no entanto, assumem o valor da multa para contratar esses especialistas. De acordo com o jornal, a defasagem salarial em relação à iniciativa privada é a principal causa da renúncia. Outro motivo é a lentidão ao galgar as patentes na carreira militar, desmotivando os militares mais jovens. Tal fato se agrava entre os militares das chamadas áreas-meio – pilotos, médicos e engenheiros – no que tange à ascensão aos postos de oficiais-generais e à falta de valorização do especialista. O engenheiro formado pelo Instituto Militar de Engenharia (IME) André Gustavo de Albuquerque abandonou o posto de primeiro-tenente para buscar melhores oportunidades no setor privado logo que se formou, alegando não ser valorizado pelas Forças Armadas. Albuquerque afirmou que “além de enfrentar a pressão de ser obrigado a mudar para outras cidades à revelia, o salário baixo era uma realidade que afugenta. Sem falar que a chance de se chegar a general é praticamente nula para um engenheiro". De acordo com o jornal, o governo federal tenta conter a evasão de militares formados em centros de excelência através da realização de estudos de melhoria no plano de carreira das Forças Armadas, além do reajuste de 30% concedido em 2012, dividido em três parcelas até 2015, aos militares das três Forças. A estratégia principal do governo, porém, estaria no investimento em centros de excelência das Forças Armadas. Sobre o assunto, em coluna opinativa, o jornalista Carlos Alexandre afirmou que a evasão de oficiais dos quadros de militares revela um grave problema do funcionalismo público e demonstra “a fragilidade das ambições do governo brasileiro em exercer um papel relevante na comunidade internacional”. Além disso, Alexandre destacou que outra preocupação dos oficiais relaciona-se à influência política como fator determinante na escolha das patentes mais altas das Forças Armadas, muitas vezes acima do mérito dos servidores. Segundo o jornalista, “nas distorções da administração pública federal”, os militares estão entre as categorias mais penalizadas e os problemas se estendem ao tratar o maquinário obsoleto. Alexandre defendeu que para alcançar a almejada ascensão do país na comunidade internacional, são necessários grandes investimentos na formação e na retenção de oficiais nos postos das Forças Armadas, além da modernização de seus equipamentos. (Correio Braziliense – Política – 07/04/13; Correio Braziliense – Opinião – 09/04/13)

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