De acordo com os jornais Folha de S. Paulo e O Estado
de S. Paulo, no dia 25/03/13 a Comissão Nacional da Verdade (CNV) e a
Comissão da Verdade do estado de São Paulo realizaram um encontro aberto sobre
a repressão sofrida por mulheres durante o regime militar (1964-1985). Segundo
a Folha, o evento contou com a
palestra de Ivone Gebara, teóloga, filósofa e especialista em gênero; e com as
presenças da ministra da Secretaria Especial de Políticas para as Mulheres e
ex-presa política, Eleonora Menicucci, da ex-presa política Maria Amélia de
Almeida Teles e das integrantes da CNV Maria Rita Kehl e Rosa Maria Cardoso. No
evento houve uma homenagem a Inês Etienne Romeu, sobrevivente da chamada Casa
da Morte, um centro de tortura instalado na cidade de Petrópolis, no Rio de
Janeiro. De acordo com o Estado, o
encontro visou a discussão da questão das mulheres que participaram da resistência
ao regime e daquelas cujos familiares foram alvos de violências direta e
indireta. Com o evento, as Comissões tentam estimular o depoimento de pessoas
que sofreram violências e que ainda não tiveram oportunidade para falar. Uma
das pesquisadoras do Grupo de Trabalho Ditadura e Gênero, Glenda Mezzaroba,
afirmou ao Estado que as mulheres que
tinham maridos ou filhos reclusos “frequentemente enfrentavam humilhações nas
visitas aos companheiros presos” e citou o exemplo de uma delas que “foi levada
até a prisão para assistir à tortura do marido quando estava grávida”. Sobre a
violência sexual, Mezzaroba disse que “(...) surgem relatos de golpes
destinados a afetar a capacidade de reprodução, casos de indução ao aborto,
estupros repetidos, prostituição forçada, escravidão sexual". De acordo com
o Estado, o grupo também vai
investigar os casos de violências contra crianças, pois há relatos de crianças
que foram levadas à prisão para verem os pais torturados. Além disto, segundo
Mezzaroba, "quando famílias de opositores da ditadura eram banidas do
País, as crianças eram fotografadas vestindo apenas calcinhas ou
cuequinhas". As fotos estão sendo localizadas nos arquivos dos órgãos de
repressão. Segundo a ex-presa política Crimeia Schmidit de Almeida, torturada
durante a gravidez e cujo filho nasceu na prisão, era comum a violência contra
as mulheres se estender também aos seus filhos. (Folha de S. Paulo – Poder –
25/03/13; O Estado de S. Paulo – Nacional – 25/03/13)
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