terça-feira, 2 de abril de 2013

Comissões da Verdade realizam encontro sobre repressão contra mulheres e crianças

De acordo com os jornais Folha de S. Paulo e O Estado de S. Paulo, no dia 25/03/13 a Comissão Nacional da Verdade (CNV) e a Comissão da Verdade do estado de São Paulo realizaram um encontro aberto sobre a repressão sofrida por mulheres durante o regime militar (1964-1985). Segundo a Folha, o evento contou com a palestra de Ivone Gebara, teóloga, filósofa e especialista em gênero; e com as presenças da ministra da Secretaria Especial de Políticas para as Mulheres e ex-presa política, Eleonora Menicucci, da ex-presa política Maria Amélia de Almeida Teles e das integrantes da CNV Maria Rita Kehl e Rosa Maria Cardoso. No evento houve uma homenagem a Inês Etienne Romeu, sobrevivente da chamada Casa da Morte, um centro de tortura instalado na cidade de Petrópolis, no Rio de Janeiro. De acordo com o Estado, o encontro visou a discussão da questão das mulheres que participaram da resistência ao regime e daquelas cujos familiares foram alvos de violências direta e indireta. Com o evento, as Comissões tentam estimular o depoimento de pessoas que sofreram violências e que ainda não tiveram oportunidade para falar. Uma das pesquisadoras do Grupo de Trabalho Ditadura e Gênero, Glenda Mezzaroba, afirmou ao Estado que as mulheres que tinham maridos ou filhos reclusos “frequentemente enfrentavam humilhações nas visitas aos companheiros presos” e citou o exemplo de uma delas que “foi levada até a prisão para assistir à tortura do marido quando estava grávida”. Sobre a violência sexual, Mezzaroba disse que “(...) surgem relatos de golpes destinados a afetar a capacidade de reprodução, casos de indução ao aborto, estupros repetidos, prostituição forçada, escravidão sexual". De acordo com o Estado, o grupo também vai investigar os casos de violências contra crianças, pois há relatos de crianças que foram levadas à prisão para verem os pais torturados. Além disto, segundo Mezzaroba, "quando famílias de opositores da ditadura eram banidas do País, as crianças eram fotografadas vestindo apenas calcinhas ou cuequinhas". As fotos estão sendo localizadas nos arquivos dos órgãos de repressão. Segundo a ex-presa política Crimeia Schmidit de Almeida, torturada durante a gravidez e cujo filho nasceu na prisão, era comum a violência contra as mulheres se estender também aos seus filhos. (Folha de S. Paulo – Poder – 25/03/13; O Estado de S. Paulo – Nacional – 25/03/13)

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