De acordo com o jornal O Estado de S. Paulo, a cerimônia que
inaugurou a disponibilização na web de parte dos arquivos do regime militar
(1964-1985) também foi marcada por uma polêmica envolvendo o advogado Ricardo
Salles, novo secretário particular do governador do estado de São Paulo,
Geraldo Alckmin. Salles é um forte crítico da Comissão Nacional da Verdade
(CNV) e defensor do regime militar, ademais é fundador do Movimento Endireita
Brasil (MEB). Segundo o jornal, o novo secretário já apoiou publicamente o
regime militar e questionou existência de crimes cometidos por seus integrantes.
A presença de Salles na cerimônia gerou mal estar entre os integrantes do
Partido da Social Democracia Brasileira (PSDB), como o senador Aloysio Nunes
Ferreira, que argumentou que Salles vê a história do Brasil sob outra ótica e
afirmou que discorda da posição do advogado em negar as graves violações de
direitos humanos ocorridas durante o regime. Já o ex-governador de São Paulo,
Alberto Goldman, declarou que Salles desconhece a história do país. Outros
políticos não só criticaram as posições do secretário, como também defenderam
sua saída do cargo. Em coluna opinativa
para o Estado, Marcelo Rubens Paiva, filho do deputado Rubens Paiva, morto por
agentes do regime militar, fez forte críticas a Salles e pediu para que Alckmin
se retratasse publicamente diante as declarações feitas pelo assessor.
Procurado pelo jornal, o governador preferiu não comentar as declarações de
Salles, uma vez que se trata de opiniões pessoais e não refletem a posição do
governo. Em entrevista ao Estado,
Salles alegou que foi mal interpretado e que nunca negou a existência de crimes
durante o regime militar, assim como nunca se opôs à busca pela verdade. Em sua
opinião, nem todos os militares cometeram crimes. Argumentou ainda que sempre
incentivou que os militares fossem voluntariamente à CNV relatar tudo o que
vivenciaram durante o período, mesmo porque eventuais crimes que tenham
cometido estariam prescritos e, portanto, ninguém seria punido. No caso de
Rubens Paiva, Salles afirmou que nunca duvidou que este tivesse sido
assassinado por agentes do regime. Entretanto, de acordo com a Folha de S. Paulo, do dia 05/04/13,
integrantes do PSDB pediram ao governador que demitisse Salles, pois este pode
prejudicar a imagem de Alckmin em decorrência de manifestações públicas sobre
suas posições políticas. (Folha de S. Paulo – Poder – 05/04/13; O Estado de S.
Paulo – Nacional – 02/04/13; O Estado de S. Paulo – Nacional – 04/04/13)
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