terça-feira, 8 de maio de 2012

Promotor-chefe do Tribunal Penal Internacional fala sobre ditaduras e impunidade na América do Sul

Em entrevista ao jornal Folha de S. Paulo, o Promotor-chefe do Tribunal Penal Internacional (TPI), Luis Moreno-Ocampo, destacou a necessidade de o Brasil priorizar em sua agenda a defesa do fim da impunidade. Questionado sobre os motivos pelos quais o Tribunal não promove ações contra o Brasil pelos crimes cometidos na ditadura, Moreno-Ocampo afirmou que, por ter sido criado em julho de 2002, o TPI não pode julgar crimes que ocorreram antes dessa data, e como na maioria dos países da América Latina os crimes foram cometidos nas décadas de 1970 e 1980 não existe jurisdição para julgamento. O promotor também falou sobre a Lei da Anistia brasileira e de outros países da América do Sul, declarando que, atualmente, já existe um consenso sobre a necessidade de investigação dos delitos ocorridos no passado, porém países como Uruguai e Brasil decidiram por não investigar os crimes ocorridos durante seus períodos de regime militar. Destacou que crimes futuros serão investigados e que a ideia de exílio a líderes que cometeram abusos mudou, acabando-se aos poucos com o conceito de impunidade. Também ressaltou que países que realizaram ações para julgar seu passado de violência política têm menos casos de tortura em seu cotidiano, citando como exemplo a Argentina e Chile. Finalmente, Moreno-Ocampo também ressaltou a importância da Comissão da Verdade no Brasil como forma de prestar esclarecimentos, especialmente para as famílias das vítimas desaparecidas. (Folha de S. Paulo – Mundo – 30/04/12)

Nenhum comentário:

Postar um comentário