terça-feira, 27 de maio de 2014

Rodrigo Patto Sá Motta escreveu sobre a relação entre o regime militar e as universidades brasileiras

Em coluna opinativa para o jornal Folha de S. Paulo, Rodrigo Patto Sá Motta, professor associado de História da Universidade Federal de Minas Gerais, afirmou que “a faceta modernizadora da ditadura era uma tentativa de compensar a violência imposta a segmentos da comunidade universitária”. Motta ressaltou que há herança do regime militar (1964-1985) nas estruturas universitárias atuais e explicou que a política universitária do regime resultou do contraste entre opiniões divergentes. Em 1964 havia uma frente heterogênea, formada por liberais, conservadores, reacionários, nacionalistas autoritários e reformistas moderados que desejavam a queda do então presidente da República, João Goulart, por causa de sua política “esquerdista”. Neste contexto, as universidades tinham um papel estratégico por reunir os inimigos do novo regime e ser responsável pela formação das elites políticas e intelectuais do país. As políticas militares desenvolvimentistas contribuíram para o aumento do número de universitários, além de criar o sistema de vestibular unificado, reformou a carreira dos docentes, expandiu o número de bolsas, implantou um sistema nacional de pós-graduação, construiu novos campi e aumentou os laços com instituições fora do Brasil. No entanto, em meio à modernização, houve também a repressão: muitos estudantes e professores foram afastados e até perseguidos. A faceta modernizadora do regime tinha interesses políticos, dos quais resultaram iniciativas como o Projeto Rondon, cujo objetivo era promover os valores do regime. Segundo Motta, as reações ao regime militar variaram entre adesão, resistência e acomodação, sendo fundamental levar em consideração as estratégias modernizadoras de acomodação para compreender a viabilização da transição democrática no Brasil. (Folha de S. Paulo - Opinião - 20/05/14)


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