Em
coluna opinativa para o jornal Folha de S. Paulo, Rodrigo Patto Sá Motta,
professor associado de História da Universidade Federal de Minas Gerais,
afirmou que “a faceta modernizadora da ditadura era uma tentativa de compensar
a violência imposta a segmentos da comunidade universitária”. Motta ressaltou
que há herança do regime militar (1964-1985) nas estruturas universitárias
atuais e explicou que a política universitária do regime resultou do contraste
entre opiniões divergentes. Em 1964 havia uma frente heterogênea, formada por
liberais, conservadores, reacionários, nacionalistas autoritários e reformistas
moderados que desejavam a queda do então presidente da República, João Goulart,
por causa de sua política “esquerdista”. Neste contexto, as universidades
tinham um papel estratégico por reunir os inimigos do novo regime e ser
responsável pela formação das elites políticas e intelectuais do país. As
políticas militares desenvolvimentistas contribuíram para o aumento do número
de universitários, além de criar o sistema de vestibular unificado, reformou a
carreira dos docentes, expandiu o número de bolsas, implantou um sistema
nacional de pós-graduação, construiu novos campi e aumentou os laços com
instituições fora do Brasil. No entanto, em meio à modernização, houve também a
repressão: muitos estudantes e professores foram afastados e até perseguidos. A
faceta modernizadora do regime tinha interesses políticos, dos quais resultaram
iniciativas como o Projeto Rondon, cujo objetivo era promover os valores do
regime. Segundo Motta, as reações ao regime militar variaram entre adesão,
resistência e acomodação, sendo fundamental levar em consideração as
estratégias modernizadoras de acomodação para compreender a viabilização da
transição democrática no Brasil. (Folha de S. Paulo - Opinião - 20/05/14)
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