Segundo
o periódico Folha de S. Paulo, em julho de 1969, o médico Afrânio de Freitas
Azevedo foi consultado por um colega sobre a possibilidade de realizar uma
cirurgia plástica em um guerrilheiro procurado pelo regime militar (1964-1985).
Azevedo desconhecia o fato de que o guerrilheiro era Carlos Lamarca, então
membro da Vanguarda Popular Revolucionária (VPR) e um dos militantes mais
procurados pelo regime. Segundo a Folha, Azevedo crê que não foi escolhido por
seu talento como cirurgião plástico, mas por sua origem comunista, que lhe rendeu cinco
prisões por ‘averiguação’ durante o regime. De acordo com a Folha, seis meses
após a realização da cirurgia, Azevedo foi denunciado ao regime pelo médico que
lhe pediu o favor, mas afirmou não o considerar um delator, pois havia sido
“barbaramente torturado” para que o
denunciasse. Azevedo foi preso no Destacamento de Operações de
Informações – Centro de Operações de Defesa Interna (DOI-Codi) por 73 dias e
relatou ter presenciado torturas, mas não as sofreu por ser casado com a filha
de um general que servia no Ministério da Guerra. Azevedo na época era
integrante da equipe do renomado cirurgião plástico e membro da Academia
Brasileira de Letras, Ivo Pitanguy. A Folha afirmou que, no processo que
sofreu, Pitanguy se ofereceu a testemunhar, defendendo que “qualquer paciente
que procure um cirurgião ‘em busca de harmonizar suas feições deve ser
atendido’”. Azevedo foi absolvido durante o processo, mas ficou conhecido na
época como “cirurgião do terror”, o que lhe rendeu muitos pacientes. (Folha de
S. Paulo - Poder - 17/05/14)
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