terça-feira, 27 de maio de 2014

Médico responsável por operação plástica de Carlos Lamarca foi preso pelo regime militar

Segundo o periódico Folha de S. Paulo, em julho de 1969, o médico Afrânio de Freitas Azevedo foi consultado por um colega sobre a possibilidade de realizar uma cirurgia plástica em um guerrilheiro procurado pelo regime militar (1964-1985). Azevedo desconhecia o fato de que o guerrilheiro era Carlos Lamarca, então membro da Vanguarda Popular Revolucionária (VPR) e um dos militantes mais procurados pelo regime. Segundo a Folha, Azevedo crê que não foi escolhido por seu talento como cirurgião plástico, mas por sua  origem comunista, que lhe rendeu cinco prisões por ‘averiguação’ durante o regime. De acordo com a Folha, seis meses após a realização da cirurgia, Azevedo foi denunciado ao regime pelo médico que lhe pediu o favor, mas afirmou não o considerar um delator, pois havia sido “barbaramente torturado” para que o  denunciasse. Azevedo foi preso no Destacamento de Operações de Informações – Centro de Operações de Defesa Interna (DOI-Codi) por 73 dias e relatou ter presenciado torturas, mas não as sofreu por ser casado com a filha de um general que servia no Ministério da Guerra. Azevedo na época era integrante da equipe do renomado cirurgião plástico e membro da Academia Brasileira de Letras, Ivo Pitanguy. A Folha afirmou que, no processo que sofreu, Pitanguy se ofereceu a testemunhar, defendendo que “qualquer paciente que procure um cirurgião ‘em busca de harmonizar suas feições deve ser atendido’”. Azevedo foi absolvido durante o processo, mas ficou conhecido na época como “cirurgião do terror”, o que lhe rendeu muitos pacientes. (Folha de S. Paulo - Poder - 17/05/14) 

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