Em coluna opinativa
para o jornal Folha de S. Paulo, Gilberto Natalini, presidente da Comissão
Municipal da Verdade Vladimir Herzog (CMVVH) de São Paulo, contrariou o parecer
da Comissão Nacional da Verdade (CNV) afirmando que o ex-presidente da
República Juscelino Kubitschek não morreu em um acidente de trânsito. Segundo
Natalini, a CNV desconsiderou diversos fatores que indicam que Kubitschek foi
assassinado. Segundo a acusação oficial, um ônibus da Viação Cometa colidira
com o automóvel onde estavam o ex-presidente e seu motorista, Geraldo Ribeiro,
lançando-o contra um caminhão. A investigação da CNV, no entanto, não levou em
consideração que Kubitschek e Ribeiro morreram três minutos após deixarem o
hotel-fazenda do brigadeiro Newton Junqueira Villa-Forte, um dos criadores do
Serviço Nacional de Informações (SNI) e ligado ao general Golbery do Couto e
Silva, então ministro da Casa Civil, e ao general João Baptista Figueiredo,
chefe do SNI em 1976. A investigação ainda menosprezou o testemunho de
passageiros do ônibus que, unanimemente, afirmaram não ter havido colisão. Em
depoimento para a CMVVH, o jornalista Ivan Machado relatou que policiais
rodoviários alteraram a posição do veículo antes que a perícia o examinasse.
Natalini afirmou que a CNV ignorou também a ameaça de morte à jornalista que
divulgou que Sarah Kubitschek, viúva do ex-presidente, acreditava no
assassinato do marido, além da declaração de Josias Nunes de Oliveira,
motorista que dirigia o ônibus, o qual afirmou ter recebido uma oferta de
suborno para assumir a responsabilidade pela morte de Kubitschek. Por fim, ignorou-se também o depoimento de Ademar Jahn
motorista que declarou ter visto a cabeça de Ribeiro caída entre o volante e a
porta do veículo antes do choque com o caminhão. Além disso, o jornalista
Carlos Heitor Cony apurou que ao deixar o hotel-fazenda, Ribeiro estranhou o
carro e indagou se alguém mexera nele. Segundo Natalini, o “Relatório JK”
elaborado pela CMVVH, aponta 103 itens que demonstram o assassinato do
ex-presidente. (Folha de S. Paulo - Opinião - 06/05/14)
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