De acordo com os
periódicos Correio Braziliense, Folha de S. Paulo e O Estado de S. Paulo, o
coronel da reserva do Exército Paulo Malhães foi encontrado morto em sua
residência, na área rural de Nova Iguaçu, no estado do Rio de Janeiro, no dia
25/04/14. Após pedido do coordenador da Comissão Nacional da Verdade (CNV),
Pedro Dallari, ao ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, a Polícia Federal
(PF) passou a integrar investigação sobre o caso. Malhães recentemente assumiu,
em depoimento à CNV, ter participado de torturas, mortes e desaparecimento de
presos durante o regime militar (1964-1985), rompendo assim o silêncio do
Exército sobre o assunto. O coronel afirmou ter medo de represálias por suas
revelações e temer por sua família, mantendo cautela ao não citar nomes de
agentes da repressão que ainda estão vivos. De acordo com os jornais, o coronel
foi morto no dia 24/04/14, quando três pessoas entraram na casa onde morava com
a família e saíram levando armas da coleção pessoal do militar e computadores. Segundo
a Folha, a CNV afirmou temer que tal situação leve à inibição de novos
testemunhos entre os militares. O presidente da Comissão da Verdade do Rio de
Janeiro, Wadih Damous, declarou ser evidente a possibilidade de queima de
arquivo e que a atuação da PF facilita a logística de acesso a arquivos
federais. Segundo a Folha, há suspeita por parte da polícia de que os
computadores roubados pudessem conter nomes de outros militares atuantes na
repressão durante o regime. De acordo com O Estado, a esposa do militar,
Cristina Malhães, declarou que o coronel não havia recebido ameaças depois do
depoimento à CNV e que os assaltantes perguntavam por joias e dinheiro. De
acordo com a viúva, um dos invasores afirmou ser parente de alguém que o
militar assassinou durante o regime militar. Malhães foi peça importante do
regime, afirmou O Estado, sendo um dos poucos oficiais responsáveis pelas
operações sigilosas do Centro de Informações do Exército durante o regime e
atuante em todo o país, tendo sido responsável pela Operação Gringo, em
parceria com a inteligência militar argentina. Segundo o Correio, a polícia do
Rio de Janeiro investiga se o caso trata-se de latrocínio, vingança pessoal ou
queima de arquivo. O coronel da reserva foi sepultado no dia 26/04/14, na cidade
de Nova Iguaçu, no estado do Rio de Janeiro. O Correio também informou que a
guia de sepultamento de Paulo Malhães apontou que o coronel foi vítima de
“edema pulmonar, isquemia do miocárdio, miocardiopatia hipertrófica, evolução
de estado mórbido (doença)”, o que pode indicar um possível enfarto. No
entanto, a Polícia Civil investiga a possibilidade de a morte ter sido
provocada por asfixia. Segundo a Folha, a família acredita em vingança de
vítimas torturadas ou de algum ex-empregado, com quem Malhães teve sempre
“muito problema”. No dia 26/04/14, após uma perícia no local do crime, o
delegado William Pena Júnior afirmou que provavelmente o crime tenha sido um
latrocínio, apesar de possuir um requinte no planejamento que não é coerente
com os ganhos gerados pelo roubo. De acordo com o Correio, a morte do militar
repercutiu no Alto Comissariado das Nações Unidas para Direitos Humanos, que
pediu a investigação imediata do ocorrido e solicitou informações detalhadas à
unidade mais próxima, localizada no Chile. A Polícia Civil do Rio de Janeiro
colheu depoimentos de parentes da vítima e está à procura de imagens de câmeras
de segurança da região onde ocorreu o crime. Ainda segundo o Correio, a CNV se
reuniu com a Casa Civil do governo do Rio de Janeiro para entregar a íntegra do
depoimento de Malhães. De acordo com a
Folha, a Polícia Federal apreendeu, no dia 28/04/14, documentos que estavam na
casa de Malhães. O Ministério Público Federal, que solicitou as apreensões,
informou que foram confiscados três computadores, agendas e documentos secretos
da época do regime militar. Segundo os jornais Correio Braziliense, Folha de S.
Paulo e O Estado de S. Paulo, o caseiro que trabalhava no sítio do coronel,
Róger Pires, confessou dia 29/04/14 ter participado do assalto, mesmo assim, o
delegado-substituto, marcos Castro, não descarta a hipótese de homicídio por
vingança ou queima de arquivo. Em seu depoimento, o caseiro entregou os
próprios irmãos Rodrigo Pires e Anderson Pires Teles e mais um homem de serem
os mentores do crime, com o objetivo de roubar armas e bens do oficial, e que a
morte do coronel foi acidental. Dallari declarou que a CNV não concluiu um
posicionamento sobre as circunstâncias da morte de Malhães. (Correio
Braziliense – Política – 26/04/14; Correio Braziliense – Política – 27/04/14;
Correio Braziliense – Política – 29/04/14; Correio Braziliense – Política –
30/04/14; Folha de S. Paulo – Poder – 26/04/14; Folha de S. Paulo – Poder –
27/04/14; Folha de S. Paulo – Poder – 29/04/14; Folha de S. Paulo – Poder –
30/04/14; O Estado de S. Paulo – Política – 26/04/14; O Estado de S. Paulo –
Política – 27/04/14; O Estado de S. Paulo – Política – 28/04/14; O Estado de S.
Paulo – Política – 30/04/14)
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