terça-feira, 6 de maio de 2014

Morte de Paulo Malhães levanta suspeitas de queima de arquivo

De acordo com os periódicos Correio Braziliense, Folha de S. Paulo e O Estado de S. Paulo, o coronel da reserva do Exército Paulo Malhães foi encontrado morto em sua residência, na área rural de Nova Iguaçu, no estado do Rio de Janeiro, no dia 25/04/14. Após pedido do coordenador da Comissão Nacional da Verdade (CNV), Pedro Dallari, ao ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, a Polícia Federal (PF) passou a integrar investigação sobre o caso. Malhães recentemente assumiu, em depoimento à CNV, ter participado de torturas, mortes e desaparecimento de presos durante o regime militar (1964-1985), rompendo assim o silêncio do Exército sobre o assunto. O coronel afirmou ter medo de represálias por suas revelações e temer por sua família, mantendo cautela ao não citar nomes de agentes da repressão que ainda estão vivos. De acordo com os jornais, o coronel foi morto no dia 24/04/14, quando três pessoas entraram na casa onde morava com a família e saíram levando armas da coleção pessoal do militar e computadores. Segundo a Folha, a CNV afirmou temer que tal situação leve à inibição de novos testemunhos entre os militares. O presidente da Comissão da Verdade do Rio de Janeiro, Wadih Damous, declarou ser evidente a possibilidade de queima de arquivo e que a atuação da PF facilita a logística de acesso a arquivos federais. Segundo a Folha, há suspeita por parte da polícia de que os computadores roubados pudessem conter nomes de outros militares atuantes na repressão durante o regime. De acordo com O Estado, a esposa do militar, Cristina Malhães, declarou que o coronel não havia recebido ameaças depois do depoimento à CNV e que os assaltantes perguntavam por joias e dinheiro. De acordo com a viúva, um dos invasores afirmou ser parente de alguém que o militar assassinou durante o regime militar. Malhães foi peça importante do regime, afirmou O Estado, sendo um dos poucos oficiais responsáveis pelas operações sigilosas do Centro de Informações do Exército durante o regime e atuante em todo o país, tendo sido responsável pela Operação Gringo, em parceria com a inteligência militar argentina. Segundo o Correio, a polícia do Rio de Janeiro investiga se o caso trata-se de latrocínio, vingança pessoal ou queima de arquivo. O coronel da reserva foi sepultado no dia 26/04/14, na cidade de Nova Iguaçu, no estado do Rio de Janeiro. O Correio também informou que a guia de sepultamento de Paulo Malhães apontou que o coronel foi vítima de “edema pulmonar, isquemia do miocárdio, miocardiopatia hipertrófica, evolução de estado mórbido (doença)”, o que pode indicar um possível enfarto. No entanto, a Polícia Civil investiga a possibilidade de a morte ter sido provocada por asfixia. Segundo a Folha, a família acredita em vingança de vítimas torturadas ou de algum ex-empregado, com quem Malhães teve sempre “muito problema”. No dia 26/04/14, após uma perícia no local do crime, o delegado William Pena Júnior afirmou que provavelmente o crime tenha sido um latrocínio, apesar de possuir um requinte no planejamento que não é coerente com os ganhos gerados pelo roubo. De acordo com o Correio, a morte do militar repercutiu no Alto Comissariado das Nações Unidas para Direitos Humanos, que pediu a investigação imediata do ocorrido e solicitou informações detalhadas à unidade mais próxima, localizada no Chile. A Polícia Civil do Rio de Janeiro colheu depoimentos de parentes da vítima e está à procura de imagens de câmeras de segurança da região onde ocorreu o crime. Ainda segundo o Correio, a CNV se reuniu com a Casa Civil do governo do Rio de Janeiro para entregar a íntegra do depoimento de Malhães. De acordo com a Folha, a Polícia Federal apreendeu, no dia 28/04/14, documentos que estavam na casa de Malhães. O Ministério Público Federal, que solicitou as apreensões, informou que foram confiscados três computadores, agendas e documentos secretos da época do regime militar. Segundo os jornais Correio Braziliense, Folha de S. Paulo e O Estado de S. Paulo, o caseiro que trabalhava no sítio do coronel, Róger Pires, confessou dia 29/04/14 ter participado do assalto, mesmo assim, o delegado-substituto, marcos Castro, não descarta a hipótese de homicídio por vingança ou queima de arquivo. Em seu depoimento, o caseiro entregou os próprios irmãos Rodrigo Pires e Anderson Pires Teles e mais um homem de serem os mentores do crime, com o objetivo de roubar armas e bens do oficial, e que a morte do coronel foi acidental. Dallari declarou que a CNV não concluiu um posicionamento sobre as circunstâncias da morte de Malhães. (Correio Braziliense – Política – 26/04/14; Correio Braziliense – Política – 27/04/14; Correio Braziliense – Política – 29/04/14; Correio Braziliense – Política – 30/04/14; Folha de S. Paulo – Poder – 26/04/14; Folha de S. Paulo – Poder – 27/04/14; Folha de S. Paulo – Poder – 29/04/14; Folha de S. Paulo – Poder – 30/04/14; O Estado de S. Paulo – Política – 26/04/14; O Estado de S. Paulo – Política – 27/04/14; O Estado de S. Paulo – Política – 28/04/14; O Estado de S. Paulo – Política – 30/04/14)

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