sexta-feira, 26 de julho de 2013

O programa FX-2 e a defesa aérea do Brasil

De acordo com o periódico Correio Braziliense, o adiamento da decisão para a compra de 36 caças para a Força Aérea Brasileira (FAB) se tornou uma ameaça à capacidade do Brasil em proteger seu espaço aéreo, sobretudo o de Brasília, capital do país. O chamado programa de reaparelhamento da frota de caças da FAB – o chamado FX-2 –, iniciado há mais de 12 anos, continua sem definição e tal fato pode incorrer na redução das aeronaves em operação, uma vez que os 12 caças Mirage 2000C/B (adquiridos “de segunda mão” da Força Aérea Francesa em 2005) para missões de defesa aérea serão desativados em dezembro de 2013. Segundo o Correio, militares afirmaram que o processo de desativação das aeronaves iniciou-se gradualmente e a mesma apreensão se estende aos caças estadunidenses F-5, os mais antigos em operação na FAB. Apesar de estar previsto que os F-5 saiam de operação somente no ano de 2025, há a chance de antecipação por “razões técnicas” e também porque, de acordo com jornal, tais aeronaves seriam o “principal alvo” do programa de reaparelhamento, orçado em US$ 7 bilhões. Segundo o Correio, a presidenta da República, Dilma Rousseff, afirmou que a decisão sobre o programa FX-2 será tomada ao final de 2013. De acordo com o jornal, o governo da França estaria insatisfeito com a demora na escolha das aeronaves, além dos “recentes sinais favoráveis à alternativa da [empresa norte-americana] Boeing”. O Correio comprovou esse descontentamento do governo francês com o fato de que, pela primeira vez, a Força Aérea Francesa se ausentará, sem justificativa, do exercício aéreo militar internacional anual que ocorrerá em novembro de 2013, o Cruzex Flight, organizado pelo Brasil na cidade de Natal, no estado do Rio Grande do Norte. De acordo com o Correio, o diretor da empresa Dassault no Brasil, Jean-Marc Merialdo, declarou não ter conhecimento exato da situação sobre a concorrência, “nem quando o governo decidirá ou mesmo se decidirá”, mas afirmou que seu produto atende a todos os quesitos exigidos, ressaltando suas qualidades e a parceria tecnológica incluída. Segundo o Correio, haveria indícios de que a empresa estadunidense Boeing teria vantagem na disputa, como a negativa de Rousseff em 2012 para concluir a compra com a Dassault, sob a alegação de dificuldades devido a crise econômica. Além disso, a Boeing abriu escritório nas cidades de São Paulo, em 2011 e de Brasília, em 2013, contratou a ex-embaixadora dos Estados Unidos no Brasil Donna Hrinak, para a presidência da empresa no Brasil, estabeleceu parcerias com o Instituto de Tecnologia da Aeronáutica (ITA), o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) e universidades brasileiras para desenvolver projetos industriais e promover intercâmbios. De acordo com o Correio, o presidente mundial da Boeing e presidente do conselho de exportação do governo estadunidense, Jim McNerney, garantiu oferecer o melhor produto e prometeu compartilhar tecnologia. O diretor da empresa sueca Saab, Andrew Wilkinson, afirmou que o caça Gripen já está em produção e que “estamos bastante confiantes de que fizemos uma proposta de custo bastante efetiva e, ao mesmo tempo, consistente com a intenção do governo de proporcionar um salto tecnológico à indústria aeroespacial brasileira”. (Correio Braziliense – 14/07/13)

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