Segundo
os periódicos Correio Braziliense, Folha de S. Paulo e O Estado de S. Paulo,
agentes da Força Especial de Luta Contra o Narcotráfico – uma unidade especial
da polícia boliviana – revistou, sem autorização do governo brasileiro,
aeronaves da Força Aérea Brasileira (FAB) que transportavam autoridades
brasileiras em viagens oficiais à Bolívia, no ano de 2011. De acordo com os
jornais, a inspeção ocorreu em três ocasiões – duas em outubro e uma em
novembro daquele ano – no aeroporto da cidade de La Paz, na Bolívia; sendo que,
em uma delas, foi revistado o avião que transportava o ministro da Defesa,
Celso Amorim, que atendia a compromissos oficiais no país. Segundo a Folha, o
governo brasileiro, no dia 16/07/13, confirmou os acontecimentos e declarou que
os fatos representam "violações da imunidade das aeronaves da FAB",
destacando que, na ocasião da viagem de Amorim, o ministro, que não estava a
bordo no momento da vistoria, “jamais” autorizou tal ação por parte da polícia
boliviana. De acordo com o Correio e a Folha, o ministro de Relações Exteriores
da Bolívia, David Choquehuanca, admitiu, no dia 17/07/13, que a polícia
boliviana errou ao vistoriar as aeronaves da FAB, justificando que "às
vezes os [agentes] da Força Especial de Luta Contra o Narcotráfico cometem
algumas infâmias porque não sabem se é um avião VIP ou não. Houve uma
reclamação [do Brasil] e esclarecemos isto". Segundo a Folha, o Ministério
das Relações Exteriores declarou à época que o acontecimento foi “intrusivo” e
alertou que tais “procedimentos abusivos” levariam o Brasil a aplicar o chamado
“princípio da reciprocidade”. Desde então, não foram mais relatados casos
semelhantes por parte de autoridades bolivianas. De acordo com o colunista da
Folha Clóvis Rossi, o ocorrido demonstrou a “tolerância excessiva” por parte do
governo brasileiro em relação aos seus vizinhos, na qual a “solidariedade”
teria se confundido com “subserviência”. No dia 19/07/13, a Folha informou que,
em um dos voos revistados, foram usados cães farejadores para fazer a vistoria
na cabine de pilotos e passageiros, em Santa Cruz de La Sierra. A aeronave
transportava do Brasil uma comitiva integrada pelos deputados Gladson Cameli,
Marcos Rogério, Raul Lima e Magda Mofatto, em
missão oficial, para verificar a situação de estudantes brasileiros de
medicina no país. Segundo Lima, o tenente-coronel da FAB, Marcelo Mendonça,
tentou negociar com os agentes, porém não obteve resultado. Mofatto confirmou o
episódio e declarou que os integrantes da comitiva teriam ficado “ofendidos”.
(Correio Braziliense – 18/07/13; Folha de S. Paulo – Mundo – 18/07/13; Folha de
S. Paulo – Mundo – 19/07/13; O Estado de S. Paulo – Notas e Informações –
18/07/13)
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