domingo, 15 de abril de 2012

Protestos marcam a semana de aniversário de 48 anos do golpe militar de 1964

Conforme noticiado pelos jornais Correio Braziliense, Folha de S. Paulo e O Estado de S. Paulo, integrantes do movimento Levante Popular da Juventude fizeram protestos, no dia 26/03/12, a favor da rápida instauração da Comissão da Verdade pelo governo federal. Os protestantes fixaram faixas e distribuíram panfletos e cópias de documentos do regime militar (1964-1985) em sete capitais: Porto Alegre, Belo Horizonte, Fortaleza, Belém, Curitiba, São Paulo e Rio de Janeiro. Em Porto Alegre, os manifestantes picharam a calçada do prédio do coronel Carlos Alberto Ponzi, ex-chefe regional do Serviço Nacional de Informações (SNI). Na zona sul de São Paulo reuniram-se em frente à empresa de segurança privada Dacala, pertencente ao delegado de polícia aposentado David dos Santos Araujo, acusado pelos manifestantes de ter participado de torturas durante o regime militar. Segundo a Folha, Araujo afirmou ter trabalhado durante o período a pedido do Exército para impedir o avanço do comunismo. O ex-delegado disse ainda que estava envolvido apenas com o serviço de busca, não participando, portanto, de interrogatórios ou torturas. Ainda de acordo com a Folha, os protestos dividiram a opinião de defensores dos direitos humanos. Ivo Herzog, diretor do Instituto Vladimir Herzog, afirmou que a sociedade deve manifestar-se, mas que atos de pichação são vandalismos. Segundo Herzog, apenas o poder público pode alegar quem foi ou não um torturador do regime militar. Por outro lado, o presidente do Partido dos Trabalhadores (PT), Rui Falcão, em vídeo publicado em seu site, declarou apoio aos manifestos ocorridos, negou que se trate de “atos de revanchismo” e cobrou a rápida instauração da Comissão da Verdade. De acordo com O Correio, o general da reserva, Luiz Eduardo Rocha, afirmou que durante as comemorações do aniversário do golpe militar de 1964 no Clube Militar do Rio de Janeiro, marcadas para o dia 29/03/12, seriam feitas críticas à Comissão da Verdade, baseadas na justificativa dos militares de que os mesmos estão agindo de acordo com as leis brasileiras, o que os ausenta de punições. Segundo o jornal as comemorações dos militares da reserva, proibidas para os militares da ativa, seriam acompanhadas pelo Ministério da Defesa. Em edição do dia 30/03/12 os jornais Correio Braziliense, Folha de S. Paulo e O Estado de S. Paulo destacaram que durante os debates na sede do Clube Militar os militares da reserva e alguns ex-integrantes do regime militar foram sitiados no prédio por cerca de 300 manifestantes que os acusavam de tortura e assassinato. A Polícia Militar garantiu a saída dos militares em segurança do local, utilizando bombas de efeito moral e spray de pimenta, entretanto, os manifestantes os insultaram com palavrões e gritos, além de jogarem tinta nos militares. De acordo com o general da reserva e atual vice-presidente do Clube, Clovis Bandeira, “os manifestantes não queriam uma reunião de quem pensasse diferente”. O debate promovido pelos militares, intitulado “1964 – A Verdade” foi marcado por elogios ao regime militar e críticas à Comissão da Verdade. Segundo o Correio, os militares presentes afirmaram que tom do encontro foi de incentivo às manifestações da reserva sobre “temas políticos”. Ainda, de acordo com o Correio, o senador Randolfe Rodrigues, integrante do Partido Socialismo e Liberdade (PSol), protestou contra a celebração dos militares e afirmou que "isso é apologia ao crime, um atentado contra o estado de direito. Comemorar um golpe que quebrou a ordem democrática, impôs ao Brasil 20 anos de terror e tortura, equivale a celebrar, na Alemanha, o aniversário de Hitler”. O Ministério da Defesa monitorou os fatos ocorridos com apreensão, entretanto não se manifestou oficialmente, mas internamente especula-se que o confronto acirrou ainda mais os ânimos entre os militares e o governo. Contudo, a maior preocupação da Defesa é evitar manifestações de oficiais da ativa. (Correio Braziliense – Política – 27/03/12; Correio Braziliense – Política – 29/03/12; Correio Braziliense – Política – 30/03/12; Folha de S. Paulo – Poder – 27/03/12; Folha de S. Paulo – Poder – 28/03/12; Folha de S. Paulo – Poder – 30/03/12; O Estado de S. Paulo – Nacional – 27/03/12; O Estado de S. Paulo – Nacional – 30/03/12)

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