De acordo com o jornal Correio Braziliense, o
Brasil ainda está ultrapassado em relação aos demais países latino-americanos
no que tange à investigação de violações de direitos humanos e informações às
famílias das vítimas mortas ou desaparecidas durante o período do regime
militar brasileiro (1964-1985). O diretor do Programa Verdade e Memória no
Centro Internacional pela Justiça de Transição (CIJT), Eduardo González,
declarou que "por muito tempo, as instituições estatais brasileiras, em
particular as relacionadas às Forças Armadas, não deram informações à
sociedade". O Correio também ressaltou o fato da Corte Interamericana de
Direitos Humanos ter aberto inquérito, em março de 2012, para verificar a morte
do jornalista Vladimir Herzog e, em 2010, ter realizado a condenação do Brasil
pelo tratamento fornecido aos parentes das vítimas da Guerrilha do Araguaia
(1967-1974). De acordo com o jornal uma medida relevante para rever a atual
abordagem brasileira sobre a situação é a instauração da Comissão da Verdade.
Sua criação foi aprovada pela presidente da República, Dilma Rousseff, em
novembro de 2011, porém, até o momento, a Comissão ainda não foi devidamente
instaurada. Segundo o jornal O Estado de S. Paulo Rousseff deverá anunciar em
breve os nomes dos sete integrantes que comporão a Comissão da Verdade.
Entretanto, ainda são recorrentes as manifestações de temor em relação aos
trabalhos a serem desenvolvidos, o que, segundo alguns observadores, cessará
quando os nomes forem divulgados. De acordo com O Estado, dependendo do perfil
dos membros da Comissão esta poderá adotar um papel mais forte na denúncia e na
acusação, o que agrada, particularmente, as famílias dos mortos e desaparecidos
durante o regime militar, ou adotar um caráter mais histórico sobre os fatos
ocorridos no período. As famílias defendem a nomeação de um procurador do
Ministério Público, entre aqueles que se destacaram em denúncias contra crimes
ocorridos durante o regime militar, todavia, membros do governo enxergam esta
possibilidade com reservas, uma vez que não querem gerar mal estar com os
militares. (Correio Braziliense – Internacional – 16/04/12; O Estado de S.
Paulo – Nacional – 20/04/12)
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