domingo, 15 de abril de 2012

Negociações sobre escolha do caça previsto no projeto FX-2

Em entrevista publicada no jornal Folha de S. Paulo, a ex-embaixadora dos Estados Unidos da América (EUA) no Brasil e atual presidente da Boeing Brasil, Donna Hrinak, afirmou não acreditar que o recente rompimento do contrato entre a Força Aérea estadunidense e a Empresa Brasileira de Aeronáutica (Embraer) para o fornecimento de aviões Super Tucanos influencie nas negociações entre o governo brasileiro e a Boeing, empresa produtora dos caças modelo F-18 que estão concorrendo no projeto FX-2. Segundo Hrinak, a tecnologia que é oferecida ao Brasil corresponde àquela concedida aos melhores aliados dos EUA e há pretensão de que o país participe ativamente da produção dos F-18, não só daqueles que sejam comprados pelo Brasil, mas de todo F-18 produzido pela Boeing. O processo de compra e transferência tecnológica envolveria mais de 25 empresas brasileiras. Além disso, existe a vontade de desenvolver projetos conjuntos na área de biocombustíveis de aviação, em parceria com a Embraer e a empresa Airbus, bem como projetos de montar um centro de pesquisa na área de materiais, em parceria com a mineradora Vale. De acordo com o jornal O Estado de S. Paulo, Hrinak ressaltou que os planos da Boeing para o Brasil vão além do âmbito comercial, pois o país tem condições de atuar como parceiro e centro de tecnologia e pesquisa. No fim de semana de 24/03/12, a exemplo de suas intenções com o Brasil, a Boeing patrocinou um encontro de pesquisadores canadenses e brasileiros sobre visualização analítica de dados. Atualmente, a empresa já patrocina estudantes brasileiros no programa do governo Ciências Sem Fronteira. Segundo a Folha, a presidente da República, Dilma Rousseff, aproveitará sua visita à Índia, em reunião dos países pertencentes aos BRICS (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul) para estudar a compra dos caças previstos no programa FX-2 e discutir sobre a possível compra, por parte do governo indiano, de 126 caças modelo Rafale, da empresa francesa Dassault, que concorre no fornecimento dos caças ao Brasil com a Boeing e a empresa sueca Saab. De acordo com o jornal, Rousseff analisará as possibilidades de uma cooperação indo-brasileira, caso o Brasil decida pela compra de 36 Rafale, avaliada em R$ 10 bilhões. O governo indiano busca a transferência tecnológica para a construção do caça no país, aspecto que será utilizado pela presidente brasileira no estudo da compra dos caças Rafale de uma forma que a negociação envolva o governo francês e indiano. A Folha destacou que, além da compra dos caças, o Brasil se interessa pela transferência de tecnologia no programa FX-2, e que Rousseff apenas optará pela Dassault caso a empresa garanta a construção de alguns caças em território nacional. A empresa francesa anunciou que poderia montar 30 caças no Brasil, mas analistas questionam se ela teria condições de fazer duas operações de tamanho porte no exterior, especulando-se, inclusive, sobre a possibilidade de fabricação de uma linha única que transformará o Rafale num caça franco-indo-brasileiro, já que a Dassault produzirá, ao mesmo tempo, os caças para a Índia em território indiano. (Folha de S. Paulo – Mercado – 24/03/12; Folha de S. Paulo – Poder – 27/03/12; Folha de S. Paulo – Poder – 29/03/12; O Estado de S. Paulo – Economia – 26/03/12)

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