terça-feira, 11 de fevereiro de 2014

Forças Armadas atuarão para garantir a lei e a ordem durante a Copa do Mundo

De acordo com o jornal Correio Braziliense, devido à aproximação da Copa do Mundo, Celso Amorim, ministro da Defesa, reforçou a defesa em zonas críticas, como as fronteiras amazônicas. O reforço contou com inteligência e mais 20 mil soldados das Forças Armadas, tendo como alvos principais o narcotráfico e o tráfico de pessoas. Segundo o Correio e O Estado de S. Paulo, a presidenta da República, Dilma Rousseff, pediu ao ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, que garantisse a segurança na Copa do Mundo sem nenhuma falha, levando em consideração o histórico de manifestações na Copa das Confederações e as manifestações anti-Copa que poderão ocorrer. Essa preocupação fez com que fosse publicado na semana do dia 11/01/14 um decreto de remanejamento de funcionários para a Secretaria-Geral da Presidência, responsável pela comunicação entre o governo e os movimentos sociais, para que haja mais diálogo entre os dois. Além disso, o Ministério do Esporte, com o apoio dos Ministérios da Defesa; da Ciência e Tecnologia; do Turismo; da Casa Civil; das Relações Exteriores; do Trabalho; da Educação; da Saúde; da Justiça; do Planejamento, do Orçamento e Gestão e da Secretaria de Aviação Civil, planejam novidades para o programa “Brasil Voluntário”. Segundo os jornais, o Ministério da Defesa publicou no dia 20/12/13 o Manual de Garantia da Lei e da Ordem (GLO), que regula a atuação das Forças Armadas no controle de distúrbios, caso as polícias estaduais não tenham condições de contê-los. De acordo com os jornais, o documento causou desconfiança entre movimentos sociais ao incluir “movimentos ou organizações” na lista de “Forças Oponentes”. A lista ainda inclui: “organizações criminosas, quadrilhas de traficantes de drogas, contrabandistas de armas e munições, grupos armados etc; pessoas, grupos de pessoas ou organizações atuando na forma de segmentos autônomos ou infiltrados em movimentos, entidades, instituições, organizações (...), provocando ou instigando ações radicais e violentas; dentre outros”. O Ministério da Defesa negou qualquer relação entre o documento e as manifestações ocorridas no Brasil em 2013 e alegou, ainda, que o documento ficou pronto em 2012, mas somente foi oficializado no final de 2013, após tramitar pelo ministério. Segundo O Estado, teme-se que Manual de Garantia da Lei e da Ordem possa punir manifestantes em protestos contra a Copa, pois a lista de ameaças inclui: “atos ou tentativas capazes de comprometer a preservação da ordem pública ou a incolumidade das pessoas e do patrimônio, como por exemplo: bloqueio de vias públicas de circulação; depredação do patrimônio público e privado; e distúrbios urbanos.” O GLO estipula o uso crescente e regular da força pelas Forças Armadas após exaurir as possibilidades de discussão e persuasão; mas somente com a solicitação dos governadores e com ordem da presidenta da República. Assim, o comando será transferido ao comandante da operação de GLO do comando das forças estaduais e/ou municipais de segurança. Serão usadas armas não-letais por fuzileiros navais e policias das Forças Armadas com treinamento específico, as operações, ainda, serão filmadas. Para Átila Roque, diretor executivo da Anistia Internacional no Brasil, o documento, que regulariza a ação da Marinha, Exército e Aeronáutica no controle de distúrbios, é vago, arbitrário e potencialmente danoso à democracia, pois considerando movimentos e organizações como forças oponentes, perturbadoras da ordem pública, pode ser uma porta à repressão e a criminalização dos protestos. Já o professor de Relações Internacionais da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-RJ), Marcio Scalércio, considera que o documento não representa nenhum arrebatamento dos militares, pois o uso das Forças Armadas se dará apenas em situação de distúrbio de massa, caso o uso das forças policiais não seja suficiente. O ministério da Defesa lembrou que a Constituição já define a participação das Forças Armadas em Operações de GLO, ressaltando que esse documento seria uma “arma” para a população, que possibilita a verificação do respeito aos seus direitos. Em coluna opinativa para O Estado de S. Paulo, Roberto Romano, professor da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), criticou o “manual repressivo com normas para o uso da força física pelos agentes oficiais” por tornar o povo inimigo. Em coluna opinativa para o Correio Braziliense, o jornalista Luiz Carlos Azedo afirmou que o Ministério da Defesa anunciou que fará “ajustes pontuais” no Manual de Garantia da Lei e da Ordem, que traduz uma nova doutrina de “operações de amplo espectro” e prevê a utilização de blindados em ações para garantir a ordem pública. Segundo o jornalista, uma legislação antiterrorista, para dar suporte legal à segurança da Copa, foi aprovada pelo Congresso Nacional. Azedo ressaltou que, desde 2004, as Forças Armadas vêm atuando em ações tipicamente de polícia, utilizando-se da expressão “Garantia da Lei e da Ordem”, regulamentada pela Lei Complementar nº 97/1999, com base no art. 142 da Constituição Federal. Como exemplo, o jornalista citou a atuação do Exército na Missão das Nações Unidas para a Estabilização do Haiti (Minustah), onde os militares instalaram-se dentro de zonas conflagradas para garantir um estado de segurança para a população. Este tipo de operação ainda foi aplicado na ocupação dos complexos do Alemão e da Penha, no Rio de Janeiro. Segundo o general de brigada Valério Stumpf Trindade, a Cavalaria Mecanizada deve ser utilizada em operações urbanas em cenário de amplo espectro, quando circunstâncias do terreno impedem o deslocamento de viaturas sobre rodas. De acordo com o jornal O Estado de S. Paulo, visando aumentar a segurança nas ruas, a Secretaria de Segurança para Grandes Eventos fechou convênios de atuação com todos os 12 Estados-sede da Copa, e um plano estratégico de atuação da Polícia Federal, Forças Armadas e Agência Brasileira de Inteligência (Abin) foi entregue à presidenta da República, Dilma Rousseff. Ainda de acordo com o jornal, os Ministérios da Justiça, Defesa e Esporte, além do Gabinete de Segurança Institucional, aguardam o chamado de Rousseff para dar maiores informações sobre o plano estratégico de atuação nas ruas, aeroportos e fronteiras. (Correio Braziliense - 08/01/14; Correio Braziliense - 11/01/14; Correio Braziliense - 28/01/14; O Estado de S. Paulo - Política - 22/01/14; O Estado de S. Paulo - Política - 23/01/14; O Estado de S. Paulo - Espaço Aberto - 29/01/14; O Estado de S. Paulo - Espaço Aberto - 29/01/14)
  

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