terça-feira, 11 de fevereiro de 2014

A participação dos Estados Unidos da América na tomada de poder pelos militares em 1964

Segundo os periódicos Folha de S. Paulo e O Estado de S. Paulo, o jornalista Elio Gaspari, colunista da Folha, revelou gravações que apontam que o ex-presidente dos Estados Unidos da América (EUA), John Kennedy, levantou a hipótese de intervenção militar no Brasil para depor o então presidente da República, João Goulart. A revelação ocorreu através do site “Arquivos da Ditadura”, o qual reúne documentos sobre o regime militar brasileiro (1964-1985). A hipótese foi questionada em reunião na Casa Branca nos dias 6 e 7 de outubro de 1963. Na ocasião, Kennedy e seus assessores discutiam a questão do Brasil e a possibilidade de um golpe militar. A gravação mostra o momento em que Kennedy indaga Lincoln Gordon, embaixador estadunidense no Brasil, “você vê a situação indo para onde deveria, acha aconselhável que façamos uma intervenção militar?”. O embaixador responde que a hipótese deveria ser cogitada no caso de uma “guinada para esquerda”, mas que era pouco provável. Havia o medo por parte dos EUA de que o país virasse “uma nova Cuba” e de que Goulart se tornasse um “ditador populista”. O clima de Guerra Fria favoreceu as suspeitas. O Estado lembrou que tal ação não foi necessária, sendo que apenas o apoio diplomático dos EUA foi utilizado na derrubada de Goulart, realizada através da operação “Brother Sam”, na qual foi disponibilizado apoio logístico para o caso de uma guerra civil no país. A Folha afirmou que, apesar do sucessor de Kennedy na presidência, Lyndon Johnson, ser visto como o grande apoiador do golpe militar no Brasil, este deu apenas continuidade ao plano de Kennedy. Johnson autorizou o envio de navios da Marinha estadunidense próximo à costa brasileira, para o caso de resistência por parte do governo. Contudo, como Goulart não apresentou resistência, os navios não chegaram a ser utilizados. Essa gravação apenas vem confirmar o que já havia sido mostrado em outros documentos: o apoio dos EUA à tomada de poder pelos militares no Brasil desde 1962. A Folha lembrou que em 1971 o então presidente da República, Emílio Médici, visitou os EUA e foi recebido pelo presidente dos EUA, Richard Nixon, com a frase "para onde for o Brasil, também irá o resto do continente latino-americano". Na ocasião foram discutidas as situações do Chile e de Cuba. O período de cumplicidade diplomática com os órgãos repressores brasileiros foi rompido com a chegada do novo cônsul, Frederc Chapin, e com  a  posse do novo presidente dos EUA em 1977, Jimmy Carter, que defendia questões de direitos humanos e afastou-se dos governos latino-americanos. (Folha de S. Paulo - Poder - 07/01/14; Folha de S. Paulo - Poder - 08/01/14; O Estado de S. Paulo - Política - 07/01/14)

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