De acordo com os periódicos
Correio Braziliense, Folha de S. Paulo e O Estado de S. Paulo, a Comissão
Nacional da Verdade (CNV) está em seu último ano e os trabalhos serão
concluídos até o dia 16/12/14. Algumas medidas estão sendo tomadas para
facilitar e agilizar as pesquisas da comissão. Segundo a Folha, a CNV pretende
convocar para depor mais ex-militares suspeitos de crimes durante o regime
militar (1964-1985) neste ano de 2014. Eram esperados entre o final de janeiro
e o inicio de fevereiro três ex-militares, Sebastião Rodrigues Curió e Lício Maciel,
que participaram da Guerrilha do Araguaia (1967-1974), e Maurício Lopes Lima,
que teria torturado, entre outros militantes, a atual presidenta da República,
Dilma Rousseff. Além disso, de acordo com o Correio, o prazo que os tribunais
brasileiros possuíam para entregar os processos a respeito das violações dos
direitos humanos ocorridas entre 1946 e 1988, incluindo o regime militar, foi
estendido em 15 dias. A parceria entre a CNV e o Conselho Nacional de Justiça
(CNJ) foi firmada em 2013, quando a CNV assinou um termo que acordava que os
documentos referentes aos processos supracitados seriam compilados e repassados
na expectativa de que os mesmos auxiliem nas investigações da comissão. A
prorrogação do prazo, segundo a Diretoria do Departamento de Pesquisas
Judiciárias do CNJ, se deve ao grande número de processos presentes no acervo
histórico dos tribunais. Enquanto o repasse de documentos não ocorre, o termo
prevê que os tribunais recebam os pesquisadores da CNV para a consulta dos
mesmos. Segundo O Estado, o Brasil também assinou, acordos bilaterais com a
Argentina e o Uruguai para abertura dos arquivos referentes aos respectivos
regimes militares com o intuito de facilitar as investigações sobre a Operação
Condor, aliança entre os regimes militares dos países do Cone Sul, cujo
objetivo era perseguir os opositores a esse regimes. Os acordos preveem
“assistência e cooperação mútua mediante o intercâmbio de documentação
relevante para a investigação e esclarecimento das graves violações”. O membro
da organização não governamental Movimento de Justiça e Direitos Humanos Jair
Krischke acredita que os acordos não ajudarão nas investigações uma vez que
nenhum dos países disponibilizou os documentos de seus arquivos militares. O Correio e a Folha
apontaram os progressos feitos com o depoimento do coronel reformado Hargreaves
de Figueiredo Rocha. O nome do militar consta no laudo necroscópico de Severino
Viana Colou, que foi morto na sede da Polícia do Exército, porém, em seu
depoimento o coronel afirmou que trabalhou somente como clínico e pediatra.
Segundo a Folha, o depoimento gerou certo constrangimento quando o militar
alegou desconhecer o documento. Pedro Cunha, perito da CNV, confirmou que o
documento não contava com a assinatura do médico e que o nome aparecia apenas
escrito à máquina de escrever. O Correio apontou que o relatório final que vem
sendo produzido pela comissão possui lacunas, como falta de pesquisas a
respeito da postura tomada pelo Legislativo diante das graves violações dos
direitos humanos. Pedro Dallari, coordenador da CNV, afirmou que essas lacunas
estão sendo preenchidas com pesquisas adicionais e a comissão possuiu interesse
em investigar, além do parlamento, a reação do Judiciário, da imprensa e de
todos os setores da sociedade. Apesar do trabalho que ainda necessita ser feito
o coordenador garantiu que o prazo de entrega do relatório será cumprido. De
acordo com o Correio e O Estado, um dos casos mais controversos é o da
investigação da morte do ex-presidente da República Juscelino Kubitschek. Em 2013 a Comissão Municipal
da Verdade de São Paulo divulgou um documento em que declarava que o
ex-presidente foi assassinado “vítima de conspiração, complô e atentado
político na Rodovia Presidente Dutra, em 22 de agosto de 1976”. A CNV, que
ainda não possui um prazo para divulgar sua conclusão sobre o caso, se
pronunciará a favor do laudo oficial e defenderá que a morte de Kubitschek
realmente foi um acidente. Todos os que participaram das investigações do caso deporão à CNV confirmando que os trabalhos
realizados apontam que a morte do ex-presidente foi resultado de um acidente
automobilístico. Devido ao desentendimento, o crânio do então motorista do
ex-presidente, Geraldo Ribeiro, poderá ser exumado novamente. O objetivo dessa
nova exumação, requisitada pela comissão de São Paulo, é investigar um possível
orifício decorrente de projétil arma de fogo no crânio, que o perito que
acompanhou a exumação feita em 1996 afirmou ter visto. Em coluna opinativa para
a Folha, Carlos Heitor Cony afirmou que não deporá à Comissão Municipal da
Verdade Vladimir Herzog a menos que sofra algum tipo de coerção punitiva para
tal. Segundo o colunista o relatório da comissão não mudará sua opinião de que,
assim como muitos outros opositores do regime militar, Herzog foi assassinado.
O colunista ressaltou ainda que além desse caso existem muitas outras mortes
que devem ser investigadas, pois, foram resultados de assassinatos comandados
pelo Estado. (Correio Braziliense - 24/01/14; Correio Braziliense - 25/01/14; Correio
Braziliense - 26/01/14; Folha de S. Paulo - Poder - 06/01/14; Folha de S. Paulo
- Poder - 25/01/14; Folha de S. Paulo - Opinião - 28/01/14; O Estado de S.
Paulo - Metrópole - 29/01/14; O Estado de S. Paulo - Política - 30/01/14)
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