sexta-feira, 20 de dezembro de 2013

Jornal destacou o papel dos adidos militares na política externa brasileira

De acordo com o jornal O Estado de S. Paulo, mais da metade dos adidos militares brasileiros estão instalados em países com pouca relevância bélica. Segundo levantamento do jornal, dos 63 oficiais ocupam cargos em 34 países, 33 estão alocados em países que gastam menos de US$ 5 bilhões no setor de defesa. Há ainda casos como no Paraguai e na Bolívia que, apesar não terem saída para o mar, recebem adidos navais mantidos pela Marinha. Na França, país que possui o quinto maior orçamento bélico do mundo, o Brasil tem adidos para as três Forças. Já na China, país com o segundo maior orçamento militar, o Brasil tem três adidos, enquanto na Rússia há apenas um. A maioria dos adidos é coronel do Exército ou da Aeronáutica, capitão-de-mar-e-guerra, oficial general ou tenente-coronel. Segundo o Ministério da Defesa, não é a relevância militar de um país que define a presença de adidos militares, mas sim a importância estratégica do país para o Brasil, visando potenciais parcerias e cooperação na área de Defesa. Ainda segundo a pasta, é de interesse do Brasil manter o Atlântico Sul livre de conflitos e armamentos nucleares e, para tanto, a cooperação com países da América do Sul e da África é essencial. Para Márcio Scalércio, professor do Instituto de Relações Internacionais da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio), a presença de adidos militares atende a posições diplomáticas: é preciso ter bom relacionamento com militares locais para que o Brasil possa ter influência em alguns países. Segundo Scalércio, há ainda a motivação comercial, pois os adidos militares promovem intercâmbio com as Forças Armadas de países amigos a fim de colaborar na troca de conhecimentos. No contexto em que o Brasil busca aumentar sua influência na África, o jornal ressaltou o caso da Namíbia, onde um adido brasileiro da Marinha identificou a oportunidade de firmar um acordo bilateral de cooperação quando o país procurava parceiros para montar uma pequena força naval. O navio de patrulha brasileiro Purus, desativado e reformado, foi doado aos namibianos e o acesso às escolas de formação oficiais foi aberto, trazendo resultados em longo prazo, como o programa de exploração de reservas de óleo e gás que a empresa Petróleo Brasileiro S.A. (Petrobrás) mantém na Namíbia. Segundo o jornal, tal exemplo mostra a importância dos adidos no processo de busca por aliados. Militares das Forças Armadas brasileiras trabalhando no exterior recebem uma “retribuição”, prevista por lei, que pode variar conforme “missão desempenhada, posto ou graduação, período de permanência e peculiaridades inerentes à jurisdição da sua área de atuação e ao local onde suas funções estão sediadas”. Os valores em dólar podem ultrapassar, de forma legal, o teto constitucional estabelecido. O Tribunal de Contas da União investigou as despesas com adidos militares em 2009, porém não foram encontradas irregularidades. (O Estado de S. Paulo – Política – 09/12/13)

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