De
acordo com os jornais Folha de S. Paulo e O Estado de S. Paulo, em depoimento à
Comissão Nacional da Verdade (CNV), Aparecido Laerte Calandra, delegado da
Polícia Civil aposentado, negou todas as acusações em relação ao período em que
atuou no Destacamento de Operações de Informações - Centro de Operações de
Defesa Interna (DOI-Codi) 2º Exército, na cidade de São Paulo, durante o regime
militar (1964-1985). Sob o codinome “capitão Ubirajara”, renegado por ele,
Calandra teria participado de sessões de interrogatório e tortura no DOI-Codi,
segundo documentos e testemunho de pelo menos sete ex-presos políticos, que
alegaram à CNV terem sido torturados por Calandra. Segundo integrantes da CNV,
Calandra apresentou sucessivas contradições ao longo de seu depoimento. O Estado
informou que Calandra chegou a negar que havia trabalhado no DOI-Codi, porém
reconsiderou sua afirmação diante da apresentação de um documento pelo
coordenador da CNV, Pedro Dallari, no qual o 2º Exército teria elogiado
Calandra “pelas diversas atividades de combate à subversão e ao terrorismo”.
Com isso, o delegado admitiu ter sido “um burocrata do DOI-Codi”, mas, segundo
O Estado, “nunca ouviu gritos nem queixas dos vizinhos ao local onde
trabalhava”. De acordo com O Estado, em outro momento do depoimento, Calandra
negou ter ciência de que o jornalista Vladmir Herzog, morto nas dependências do
DOI-Codi, estava detido no local. Porém, ao ser confrontado com um documento
apresentado pelo colegiado, no qual Calandra solicitava perícia da morte de
Herzog, o ex-delegado confirmou a autoria do pedido, alegando, porém, que
desconhecia as circunstâncias da morte do jornalista. Segundo O Estado, Dallari
afirmou que o depoimento de Calandra “foi muito pouco crível. As evidências são
robustas contra ele”. Outro integrante da CNV, o advogado José Carlos Dias,
declarou que "várias pessoas vieram contar os horrores que passaram. E ele
nega tudo isso. E impossível. É uma desfaçatez". Ainda segundo O Estado,
uma das supostas vítimas de tortura de Calandra, a advogada aposentada Darci
Toshiko Miyaki, afirmou ter ficado estéril por conta das torturas. De acordo
com Miyaki, Calandra deu choques elétricos em sua vagina e “enfiava o dedo para
colocar os fios e praticava pessoalmente os choques”. (Folha de S. Paulo –
Poder – 13/12/13; O Estado de S. Paulo – Política – 13/12/13)
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