quarta-feira, 17 de junho de 2015

Almirante reformado afirmou que o preparo militar brasileiro está defasado

Em coluna opinativa para O Estado de S. Paulo, o almirante reformado da Marinha Mario César Flores criticou o preparo militar brasileiro, argumentando que projetos importantes das Forças Armadas, quando avançam, o fazem vagarosamente. De acordo com o Flores, não existe perspectiva de melhora em um futuro breve, dada a conjuntura atual de cortes no orçamento das Forças Armadas, devido à necessidade de melhora da “saúde fiscal” do país. Essa conjuntura é prejudicada ainda mais pela inexistência de um ideário político-estratégico básico sobre Defesa Nacional, sem o qual continuará existindo insuficiência de recursos e outros “sacrifícios conjunturais”. No período que, segundo Flores, foi marcado pelo totalitarismo (1930-1988), esse ideário era de conhecimento apenas do Conselho de Segurança Nacional, papel que deveria, na atualidade, ser mantido pela Secretaria de Assuntos Estratégicos (SAE), com sanção do Congresso Nacional, como representatividade civil. Segundo o almirante, a Política Nacional de Defesa (PND) atual é aceita como indiferente, fragilizando-a como orientação do preparo militar. Afirmou, ainda, que os esquemas “esboçados” pela PND deveriam preparar o Brasil para que possa agir em coerência com o cenário estratégico operacional do âmbito internacional, o que não ocorre. A sociedade civil, segundo Flores, entende as Forças Armadas como um aparelho parapolicial e de defesa civil, sendo apática ao uso dessas em sua dimensão clássica. O autor escreveu que parece haver um consenso nacional de que não se deve empregar as Forças Armadas para a Defesa Nacional em um país que se afirma pacifista. Para ele, a presença civil no planejamento militar não pode ocorrer de forma indiferente, já que a indiferença é um erro político cometido por países que não possuem uma “política interna saudável” e sem presença internacional convincente. Por fim, o Flores concluiu que a Defesa Nacional é uma responsabilidade de todos, mas que a estrutura política atual impede que as mudanças necessárias ocorram, pois não há amparo conceitual básico, preparo militar, desenvolvimento tecnológico e implementação de uma indústria de interesse da defesa, já que esses continuam condicionados pela indisponibilidade de recursos. (O Estado de S. Paulo – Espaço Aberto – 10/06/15)

Nenhum comentário:

Postar um comentário