Em coluna opinativa
para O Estado de S. Paulo, o almirante reformado da Marinha Mario César Flores
criticou o preparo militar brasileiro, argumentando que projetos importantes
das Forças Armadas, quando avançam, o fazem vagarosamente. De acordo com o
Flores, não existe perspectiva de melhora em um futuro breve, dada a conjuntura
atual de cortes no orçamento das Forças Armadas, devido à necessidade de
melhora da “saúde fiscal” do país. Essa conjuntura é prejudicada ainda mais
pela inexistência de um ideário político-estratégico básico sobre Defesa
Nacional, sem o qual continuará existindo insuficiência de recursos e outros
“sacrifícios conjunturais”. No período que, segundo Flores, foi marcado pelo
totalitarismo (1930-1988), esse ideário era de conhecimento apenas do Conselho
de Segurança Nacional, papel que deveria, na atualidade, ser mantido pela
Secretaria de Assuntos Estratégicos (SAE), com sanção do Congresso Nacional,
como representatividade civil. Segundo o almirante, a Política Nacional de
Defesa (PND) atual é aceita como indiferente, fragilizando-a como orientação do
preparo militar. Afirmou, ainda, que os esquemas “esboçados” pela PND deveriam
preparar o Brasil para que possa agir em coerência com o cenário estratégico
operacional do âmbito internacional, o que não ocorre. A sociedade civil,
segundo Flores, entende as Forças Armadas como um aparelho parapolicial e de
defesa civil, sendo apática ao uso dessas em sua dimensão clássica. O autor
escreveu que parece haver um consenso nacional de que não se deve empregar as
Forças Armadas para a Defesa Nacional em um país que se afirma pacifista. Para
ele, a presença civil no planejamento militar não pode ocorrer de forma
indiferente, já que a indiferença é um erro político cometido por países que
não possuem uma “política interna saudável” e sem presença internacional
convincente. Por fim, o Flores concluiu que a Defesa Nacional é uma
responsabilidade de todos, mas que a estrutura política atual impede que as
mudanças necessárias ocorram, pois não há amparo conceitual básico, preparo
militar, desenvolvimento tecnológico e implementação de uma indústria de
interesse da defesa, já que esses continuam condicionados pela
indisponibilidade de recursos. (O Estado de S. Paulo – Espaço Aberto –
10/06/15)
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