segunda-feira, 4 de maio de 2015

Morreu no dia 27/04/15 a militante Inês Romeu, única sobrevivente da Casa da Morte de Petrópolis

Segundo os periódicos Folha de S. Paulo e O Estado de S. Paulo, morreu no dia 27/04/15 aos 72 anos, a ex-militante e membro da Vanguarda Popular Revolucionária (VPR) Inês Eienne Romeu. Os jornais afirmaram que Romeu foi a única sobrevivente da Casa da Morte de Petrópolis, na cidade de Petrópolis, no estado do Rio de Janeiro, e foi essencial para o conhecimento de que o Exército manteve o local como centro clandestino para matar e torturar militantes durante o regime militar (1964-1985). No dia 05/05/71 Romeu foi presa na cidade de São Paulo pela equipe do delegado Sérgio Paranhos Fleury, responsável na época por comandar o Departamento de Ordem Política e Social (Dops) e posteriormente, levada à delegacia, onde foi torturada antes de ser transferida para Petrópolis. Em 1979, Romeu foi libertada em decorrência da Lei da Anistia (1979) e após uma semana relatou à Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) a existência do local, narrou as torturas as quais foi submetida e apontou os codinomes utilizados pelos torturadores. Romeu afirmou que foi vítima de espancamentos e choques elétricos, além de ter sido estuprada duas vezes. Segundo a Folha, a militante tentou o suicídio quatro vezes por se encontrar abalada em decorrência de sessões de tortura, mas sobreviveu e foi libertada pela primeira vez ao prometer atuar como infiltrada nos movimentos contrários ao regime e delatar colegas, mas permaneceu foragida e foi novamente presa em 1979 por descumprir suas promessas. A Folha afirmou que pouco antes do final do regime militar Romeu retornou à Petrópolis e identificou o local e dois algozes, sendo que suas revelações foram importantes para impulsionar outras descobertas. O Estado relatou que as informações mais importantes acerca do local foram conhecidas graças ao depoimento de Romeu e posteriormente, confirmadas por documentos produzidos pelo Estado durante o período. Apesar das limitações físicas em relação à fala herdadas daquela época, Romeu colaborou com a Comissão Nacional da Verdade (CNV) ao identificar mais seis torturadores através de fotografias. Dentre os torturadores, cinco ainda estão vivos e o único dos identificados já falecido é Freddie Perdigão Pereira, apontado com um dos mais cruéis torturadores do regime. A Comissão Estadual da Verdade do Rio de Janeiro pediu para que o Estado homenageasse Romeu transformando a Casa da Morte em um espaço para memória e discussões sobre direitos humanos. O presidente da comissão estadual, Wadih Damous, apresentará à Câmara de Vereadores de Petrópolis um pedido para que a rua onde se localizava a Casa da Morte, seja nomeada com o nome da ex-militante. A Folha relatou que o ex-sargento Marival Chaves afirmou que deixar Romeu viva foi “uma das maiores mancadas” do movimento de repressão e o coronel Paulo Malhães reconheceu que a militante foi quem “derrubou a Casa de Petrópolis”. (Folha de S. Paulo – Opinião – 28/04/15; Folha de S. Paulo – Poder – 28/04/15; O Estado de S. Paulo – Política – 28/04/15)

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