domingo, 31 de maio de 2015

Coluna opinativa analisa participação do Brasil em missão da ONU no Haiti

Em coluna opinativa para o jornal O Estado de S. Paulo, o professor de Ética e Filosofia Política da Universidade de Campinas (Unicamp), Roberto Romano, destacou a responsabilidade brasileira pela atual situação no Haiti. Romano lembrou que o país caribenho foi o primeiro a romper o jugo colonial nas Américas e apontou que os golpes de Estado que lá ocorreram “executaram exigências hegemônicas, como a europeia e norte-americana, e os alvos políticos de potências menores, como o Brasil”. Neste sentido, defendeu que trabalhos acadêmicos sejam mais discutidos e apontou como exemplo o livro “Haiti, Dilemas e Fracassos Internacionais” de Ricardo Seitenfus, o qual discute a “gênese da catástrofe” e relata a presença da força internacional que ampliou as incertezas no país ao invés de fortalecer a democracia haitiana. De acordo com Romano, a Missão das Nações Unidas para a Estabilização no Haiti (Minustah), que tem as operações militares comandadas pelo Brasil desde sua criação, em 2004, teve alto custo não somente em termos financeiros, mas também em vidas e rompimento com os valores democráticos. Neste contexto, o professor afirmou que a culpa da tragédia haitiana, no Brasil, não está ligada apenas às migrações no Acre ou em São Paulo, mas tem origem na história colonial. Em seguida, citou o general Augusto Heleno Ribeiro Pereira, o qual afirmou que “como exercício militar a Minustah é excelente. No entanto, como operação de paz, ela não tem mais sentido”. Por fim, questionou se a Minustah algum dia teve sentido regenerador e democrático e destacou o anúncio, pelo ministro da Defesa, Jaques Wagner, da retirada das tropas brasileiras do Haiti ao final da missão, em 2016. (O Estado de S. Paulo – Espaço Aberto – 23/05/2015)

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