segunda-feira, 11 de maio de 2015

Militares afirmaram que atuação no Complexo da Maré se tornou mais complicada que missão de paz no Haiti

De acordo com o periódico Folha de S. Paulo, os militares que ocupam atualmente o Complexo de favelas da Maré, na cidade do Rio de Janeiro, declararam que cumprir a missão do Exército no Haiti tem sido menos difícil do que manter a ocupação da Maré. Segundo os militares, as limitações impostas às ações do Exército complicaram a atuação na área. A ação dos militares na Maré foi restringida ao patrulhamento, prisões em flagrante e revistas em carros, impedindo-os de realizar buscas em residências e ocupação de imóveis comprovadamente utilizados por criminosos. No Haiti, assim como na ocupação do Complexo do Alemão, também no Rio de Janeiro, as possibilidades para a atuação dos militares eram maiores: durante a ocupação do Alemão, os militares obtinham mandados de busca e apreensão com base nas informações recolhidas pelo comando de tropa, o que possibilitou a apreensão de 38 armas e 2.879 munições. O coronel Fernando Montenegro declarou que as limitações impostas à ação do Exército na Maré comprometeram a missão, uma vez que drogas são vendidas e consumidas dentro das casas e “menores aliciados atiram pedras na tropa e traficantes passaram a emboscar os militares do alto das lajes”. Segundo o general Azevedo e Silva, a existência de três facções em disputa na Maré torna a missão mais complexa do que a do Haiti. Segundo a Folha, os oficiais do Exército alegaram que “do jeito que a operação é feita, só aumenta os riscos de vítimas fatais, entre militares e a comunidade”, de forma que um grupo de generais enviou um recado ao Ministro de Defesa, Jaques Wagner, afirmando que temem uma "tragédia". Enquanto durante a ocupação do Alemão nenhum militar ou morador foi baleado, na ocupação da Maré até o momento já foram baleados dois civis e quatro soldados, uma vez que os traficantes desafiam os militares, resultando em trocas de tiros frequentes. A gestão do governador do Rio de Janeiro, Luiz Fernando Pezão, afirmou que não possui conhecimento a respeito das criticas feitas pelos militares. Em coluna opinativa para Folha, Clóvis Rossi alegou que a situação atual reflete a tolerância do Estado brasileiro com o crime organizado. A retirada da Força de Pacificação do complexo da Maré está prevista para acontecer até o dia 30/06/15. (Folha de S. Paulo – 02/05/15 – Cotidiano; Folha de S. Paulo – 04/05/15 – Opinião)

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