De acordo com o
periódico Folha de S. Paulo, os militares que ocupam atualmente o Complexo de favelas
da Maré, na cidade do Rio de Janeiro, declararam que cumprir a missão do
Exército no Haiti tem sido menos difícil do que manter a ocupação da Maré.
Segundo os militares, as limitações impostas às ações do Exército complicaram a
atuação na área. A ação dos militares na Maré foi restringida ao patrulhamento,
prisões em flagrante e revistas em carros, impedindo-os de realizar buscas em
residências e ocupação de imóveis comprovadamente utilizados por criminosos. No
Haiti, assim como na ocupação do Complexo do Alemão, também no Rio de Janeiro,
as possibilidades para a atuação dos militares eram maiores: durante a ocupação
do Alemão, os militares obtinham mandados de busca e apreensão com base nas
informações recolhidas pelo comando de tropa, o que possibilitou a apreensão de
38 armas e 2.879 munições. O coronel Fernando Montenegro declarou que as
limitações impostas à ação do Exército na Maré comprometeram a missão, uma vez
que drogas são vendidas e consumidas dentro das casas e “menores aliciados
atiram pedras na tropa e traficantes passaram a emboscar os militares do alto
das lajes”. Segundo o general Azevedo e Silva, a existência de três facções em
disputa na Maré torna a missão mais complexa do que a do Haiti. Segundo a
Folha, os oficiais do Exército alegaram que “do jeito que a operação é feita,
só aumenta os riscos de vítimas fatais, entre militares e a comunidade”, de
forma que um grupo de generais enviou um recado ao Ministro de Defesa, Jaques
Wagner, afirmando que temem uma "tragédia". Enquanto durante a
ocupação do Alemão nenhum militar ou morador foi baleado, na ocupação da Maré
até o momento já foram baleados dois civis e quatro soldados, uma vez que os
traficantes desafiam os militares, resultando em trocas de tiros frequentes. A
gestão do governador do Rio de Janeiro, Luiz Fernando Pezão, afirmou que não
possui conhecimento a respeito das criticas feitas pelos militares. Em coluna
opinativa para Folha, Clóvis Rossi alegou que a situação atual reflete a
tolerância do Estado brasileiro com o crime organizado. A retirada da Força de
Pacificação do complexo da Maré está prevista para acontecer até o dia
30/06/15. (Folha de S. Paulo – 02/05/15 – Cotidiano; Folha de S. Paulo –
04/05/15 – Opinião)
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