quinta-feira, 20 de setembro de 2012

Jornalista critica trabalho sigiloso da Comissão da Verdade

Em coluna opinativa para o periódico O Estado de S. Paulo, o jornalista Bernardo Kucinski criticou o trabalho da Comissão da Verdade por seu caráter sigiloso e o comparou a trabalhos exercidos durante o regime militar (1964-1985). Para Kucinski, as reuniões, depoimentos e entrevistas realizadas pela Comissão devem ser abertos à sociedade e transmitidos pelos meios de comunicação em massa, uma vez que o objetivo da Comissão é pedagógico e não punitivo. O jornalista argumentou em contraposição ao discurso de um dos integrantes da Comissão, o advogado José Carlos Dias, que justificou o trabalho sigiloso para que os depoentes se sintam a vontade para falar e que, assim, se possa chegar à verdade. Kucinski acredita que a abertura ampla das sessões não impediria a convocação de protagonistas para sessões reservadas e que muitos deles já estão se pronunciando por outros intermédios, como a publicação de livros. O jornalista concordou com o ex-procurador da República, Carlos Fonteles, o qual afirmou que “a comissão da verdade não levará a nada sem a pressão da sociedade civil”, e que a missão da Comissão é fomentar comissões locais, apontando que a sociedade civil não será motivada sem a apresentação de resultados. Kucinski também destacou duas contradições acerca da Comissão da Verdade: a primeira, “adotar procedimentos de inquérito policial, que tem por objetivo fundamentar indiciamentos em tribunal, embora seu objetivo seja o julgamento histórico, não o criminal”; e a segunda “é a que se dá entre o perfil de seus sete integrantes, pessoas comprometidas com os direitos humanos, e a natureza de uma comissão nascida por razões de Estado, com as limitações decorrentes”. Por fim, o jornalista afirmou que a verdade essencial para o trabalho da Comissão não é a individual para cada família das vítimas do regime militar, porém a verdade socializada, ou seja, uma ferramenta de conscientização e elaboração da história. (O Estado de S. Paulo – Aliás – 09/09/12)

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