De acordo com os jornais Folha de S. Paulo e
O Estado de S. Paulo, foi
publicada no Diário Oficial da União do dia 17/09/12 uma resolução em que a
Comissão da Verdade declara que só investigará os episódios de violação dos
direitos humanos que foram de iniciativa de agentes públicos ou pessoas que
estivessem a serviço do Estado. Dessa forma, exclui-se a
possibilidade de investigação de qualquer ato praticado pela esquerda militante
no período do regime militar (1964-1975). Segundo a Folha, o texto da
lei que deu origem à Comissão era vago sobre tal assunto, o que deixou espaço
para que se especulasse sobre investigações dos atos de militantes da esquerda.
Além disso, o Estado reportou que os integrantes da Comissão sempre
deixaram claro que investigariam apenas crimes cometidos por agentes do regime. Segundo o membro da comissão, Paulo Sérgio
Pinheiro, aqueles opositores que cometeram crimes durante o regime foram
detidos e cumpriram penas, por isso não devem ser investigados agora. Pinheiro
afirmou que os julgamentos dos opositores do regime já foram feitos e podem ser
consultados nos arquivos do Superior Tribunal Militar. O integrante da comissão
afirmou ainda que essa decisão não consiste em algo novo, senão no cumprimento
da própria lei de criação do colegiado. Segundo a Folha, para os militares, a investigação dos atos
cometidos pela esquerda indicaria a neutralidade das investigações. Contudo,
para os militantes e parentes das vítimas, seria desnecessária, pois esses já
foram processados e punidos na época. O ex-procurador geral da República e
membro da Comissão, Cláudio Fonteles, enfatizou que essa decisão é totalmente
legal e não afetará o apoio dos militares ao trabalho da Comissão. O Estado alertou sobre a dificuldade
de acesso aos documentos que legitimariam as pesquisas, o que pode fazer com
que o trabalho da Comissão não seja reconhecido. Ainda de acordo com o Estado,
integrantes da Comissão já requisitaram reuniões com especialistas da
Organização das Nações Unidas (ONU) que possuem experiência em questões de
direitos humanos e que já participaram de comissões da verdade de outros
países. O jornal apontou que na avaliação da ONU, os trabalhos da comissão devem
trazer justiça às vítimas, e não apenas funcionar como uma audiência pública
para satisfazer parte da população. (Folha de S. Paulo – Poder – 18/09/12; O
Estado de S. Paulo – Nacional – 18/09/12; O
Estado de S. Paulo – Nacional – 19/09/12)
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