quarta-feira, 23 de setembro de 2015

Comissão da Verdade do Rio de Janeiro apontou sargento do Exército como responsável por atentado à Ordem dos Advogados do Brasil em 1980

De acordo com o periódico O Estado de S. Paulo, a Comissão Estadual da Verdade do Rio de Janeiro (CEV-Rio) identificou, no dia 11/09/15, após dois anos de investigação, o sargento do Exército, Magno Cantarino Mota, conhecido pelo codinome de agente Guarany, como emissário da carta-bomba responsável por matar a secretária Lyda Monteiro da Silva. O atentado ocorreu em 27/08/1980 na cidade do Rio de Janeiro, atingindo a sede da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), entidade que, segundo o jornal, exerceu um papel de destaque na redemocratização do país. De acordo com O Estado, o alvo, na verdade, era o então presidente da OAB, Eduardo Seabra Fagundes. A identificação do sargento foi feita através do depoimento de uma testemunha que conversou com Fagundes no dia do atentado, afirmou Denise Assis, jornalista e pesquisadora da CEV-Rio. Segundo outros três testemunhos, a ordem para o ataque à sede partiu do já falecido coronel Freddie Perdigão Pereira, apontado pelo Ministério Público Federal como um dos arquitetos do atentado no centro de convenções Riocentro e pela prisão de Rubens Paiva, assassinado no Destacamento de Operações de Informações – Centro de Operações de Defesa Interna (DOI-Codi). O responsável por montar o explosivo foi o sargento Guilherme Pereira do Rosário, morto após uma bomba explodir no Riocentro, em 1981. Por meio da análise de dados e de depoimentos, a Comissão concluiu que o grupo que atacou tanto o Riocentro quanto a sede da OAB foi o mesmo. Wadih Damous, deputado federal e ex-presidente da CEV-Rio, precursor das investigações, afirmou que “os mesmos elementos que estiveram no Riocentro também estiveram aqui em 27 de agosto de 1980. Todo o perfil desses agentes comprova que eram homens treinados para tortura e atentados à bomba”. Luiz Felippe Monteiro, advogado e filho Lyda Monteiro da Silva, exigiu que “o Ministério da Defesa apresente desculpas formais a ele e à família”, como afirmou o periódico. Marcus Vinicius Coelho, presidente do Conselho Federal da OAB, afirmou que entregaria a resolução da investigação a Rodrigo Janot, procurador-geral da República, na semana seguinte. Segundo o jornal, os integrantes da CEV-Rio acreditam na possibilidade de Mota ser processado pela morte da secretária, visto que a Lei da Anistia (1979) compreende crimes políticos cometidos até o ano de 1979. (O Estado de S. Paulo – Política – 12/09/15)

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