terça-feira, 28 de outubro de 2014

Comissão Nacional da Verdade conclui que houve tortura em Base de Fuzileiros Navais da Ilha das Flores

De acordo com o jornal Folha de S. Paulo, a Comissão Nacional da Verdade (CNV) concluiu que 200 pessoas foram presas e torturadas na Base de Fuzileiros Navais da Ilha das Flores, na cidade de São Gonçalo, no estado do Rio de Janeiro, durante o regime militar (1964-1985). A conclusão foi anunciada após uma visita à base no dia 21/10/14. Nesta visita, a Base foi mapeada e as salas de tortura identificadas com a ajuda de 14 ex-presos políticos, que acompanhavam os pesquisadores da CNV e da Comissão Estadual da Verdade do Rio de Janeiro (CEV-Rio). De acordo com o jornal, apurações da CNV indicam que a Base, usada entre os anos de 1969 à 1971, foi substituída pelo Destacamento de Operações e Informações – Centro de Operações de Defesa Interna (DOI-Codi) a partir do ano de 1971. As testemunhas declaram que as sessões de tortura eram acompanhadas por um médico, conhecido entre os presos como Dr. Coutinho, cuja função era avaliar a condição de saúde do torturado e autorizar a continuidade da sessão. Além dos ex-presos estava presente um ex-militar da Marinha, Heleno Cruz, que confirmou a localização das salas de tortura e segundo Folha, disse ter visto objetos usados para esse fim, como martelos, paus de arara e torniquetes. Cruz diz ter jogado no mar alguns dos instrumentos de tortura aos quais teve acesso. Essa visita foi a última de um total de sete que a CNV realizou em locais que foram objeto de sindicância por parte das Forças Armadas a pedido da CNV. O pedido de sindicância ao Ministério da Defesa diz que houve “desvirtuamento do fim público estabelecido para aquelas instalações”. Segundo Folha, as Forças Armadas afirmaram em agosto de 2014 que não houve desvio de função nas unidades, todavia não se pronunciaram a respeito da ocorrência de tortura e mortes nos locais. Com o término da visita, acabou a fase de apuração de dados pela CNV que agora se dedicará à realização do relatório, a ser entregue em 10/12/14, dia dos Direitos Humanos. A CNV finalizará os seus trabalhos em 16/12/14. (Folha de S. Paulo – Política – 22/10/14)

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