Em coluna opinativa
para jornal Folha de S. Paulo, o jornalista Demétrio Magnoli afirmou que a
lista de perseguidos pelo regime militar (1964-1985), realizada pela Comissão
da Verdade da Universidade de São Paulo (USP), revelou os equívocos das
comissões da verdade brasileiras que buscam fabricar “uma verdade estatal sobre
nosso passado recente”. O jornalista relatou que sua foto aparece na lista dos
perseguidos e, portanto, teria recebido o “selo oficial de herói da
resistência”, mas que não foi um desaparecido, preso, torturado ou exilado.
Magnoli questionou qual seria o sentido histórico de uma lista que apresenta de
maneira indiferenciada 664 membros da USP com o mesmo rótulo de “perseguidos”.
Entre as fotos selecionadas pela Folha estão a de Magnoli e do também colunista
Eduardo Giannetti, o que, segundo Magnoli, revela “as armadilhas da recepção
midiática de uma ‘verdade’ não filtrada pelas técnicas historiográficas”. O
jornalista defendeu que as comissões da verdade brasileiras exercem a função
política de emitir a falsa percepção de que o Estado democrático atual estaria
ajustando as contas com o regime militar. Magnoli afirmou que tal atitude
oculta a verdade de que o país desistiu de punir os crimes cometidos no período
contra os direitos humanos e que, ao contrário do que ocorreu em outros países
da América Latina, a Lei da Anistia (1979) foi sedimentada “na forma de um
pacto político sagrado”, que protege as autoridades militares que comandaram a
repressão, assim como seus aliados e financiadores civis. (Folha de S. Paulo – Poder – 01/11/14)
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