Segundo
os periódicos Correio Braziliense, Folha de S. Paulo e O Estado de S. Paulo,
após a apresentação do relatório final da Comissão Nacional da Verdade (CNV), a
recomendação de que os responsáveis por crimes contra a humanidade ocorridos
durante o regime militar (1964-1985),
suscitou o debate acerca da revisão da Lei da Anistia (1979). De acordo
com os jornais, a lei tem como objetivo a reconciliação nacional após o período
militar. Segundo o Correio, no processo de formulação da Lei houve a participação
de representantes dos dois grupos interessados. Segundo O Estado, a confirmação
da Anistia na Assembleia Constituinte de 1988 faz com que a norma não seja
caracterizada como auto-anistia e sim uma “legítima manifestação da vontade
popular”. De acordo com a Folha, não há um consenso sobre a questão. Para o
ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Luis Roberto Barroso, a discussão
sobre a Lei da Anistia “deve voltar à pauta da corte” devido à sentença dada
pela Corte Interamericana de Direitos Humanos (CIDH), em 2010. O advogado Nabor
Bulhões e o jurista Ives Gandra Martins entendem que o direito interno
prevalece sobre o internacional, portanto a decisão do STF é superior à
sentença da corte internacional. Rubens Glezer, professor de Direito Constitucional
da Fundação Getulio Vargas (FGV), afirmou que não há dispositivo Constitucional
“que diga que ela [Lei da Anistia] é revogável ou não”. Para o vice-presidente
da CIDH, juiz Roberto Caldas, “a decisão do tribunal [CIDH] foi ‘clara e
unânime’”. Ao receber o relatório final da CNV, a presidenta da República,
Dilma Rousseff, afirmou que a conquista da democracia no Brasil se deu através
de pactos nacionais, e que a busca pela verdade não deve conter revanchismos.
Em entrevista para a Folha, a socióloga Leigh Payne, do centro de estudos sobre
América Latina da Universidade de Oxford, afirmou que, em relação à punição dos
violadores de direitos humanos durante o regime militar, Brasil e Argentina
estão em extremos opostos. Para Payne, enquanto na Argentina a lei foi revogada
e foram processados centenas de militares, no Brasil há uma demanda popular
muito reduzida e uma ausência de protagonismos dentro do sistema legal e, desta
maneira, “ninguém desafia a Lei da Anistia”. A Folha noticiou que no dia
14/12/14 um grupo de 200 manifestantes que pediam a punição aos crimes
cometidos durante o regime militar interditou a rodovia Washington Luís, na
cidade de São Carlos, no estado de São Paulo. Os ativistas afirmaram que o
relatório final da CNV deve incentivar os movimentos sociais a lutarem contra a
impunidade destes casos. (Correio Braziliense - Opinião – 14/12/14; Folha de S.
Paulo – Poder – 18/12/14; Folha de S. Paulo – Poder – 24/12/14; Folha de S.
Paulo – Opinião – 24/12/14; Folha de S. Paulo – Mundo – 14/01/15; O Estado de
S. Paulo – Opinião – 19/12/14; O Estado de S. Paulo – Espaço Aberto – 24/12/14)
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