De
acordo com o jornal Folha de S. Paulo, professores e pesquisadores da
Universidade de São Paulo (USP) foram espionados após o fim do regime militar
(1964-1985). Segundo documentos analisados pela Comissão da Verdade da
Universidade de São Paulo, pesquisas em áreas de interesse dos militares
continuaram a ser monitoradas até 1990. O jornal apontou como exemplo o caso do
programa nuclear militar: o Instituto de Energia Atômica da USP fora monitorado
durante o regime militar para controlar pesquisas que poderiam se contrapor ao
projeto de fabricação da bomba atômica. Em 1988, o Serviço Nacional de
Informações (SNI) teve como foco de atenção as movimentações contrárias ao
programa nuclear. Segundo o jornal, o ex-diretor do Instituto de Física da USP,
José Goldemberg, foi monitorado em 1970 e entre 1986 e 1990, quando se tornou
reitor. Segundo documentos do SNI, Goldemberg teria difundido ideias soviéticas
após voltar de uma viagem à Rússia em 1988. O jornal reportou também que o
atual ministro-chefe da Casa Civil, Aloizio Mercadante, foi citado em 1989 em documento
do SNI porque “não costumava usar o último sobrenome, Oliva”. Segundo a
professora e integrante da comissão, Janice Theodoro, tal relato sugeria que
Mercadante procurava não ser associado ao tio, Waldyr Muniz Oliva Filho, reitor
da USP entre 1978 e 1982 que, na época, dizia-se ser cada vez “mais Oliva, mais
verde, mais Exército”. De acordo com o
jornal, o SNI teria espionado, ainda, unidades de pesquisa relacionadas à
redemocratização do país, como o Centro de Estudos da Violência da USP,
descrito como patrocinador de "tópicos de pesquisa cujo principal
interesse é o relacionamento entre democratização na sociedade brasileira e a
violência como instituição”. Segundo Theodoro, ainda é cedo para tirar
conclusões com base na análise do material coletado. (Folha de S. Paulo – Poder
– 28/10/14)
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